Manejo de abelhas para produção de mel é tema de pesquisa

Instituto Mamirauá - http://www.mamiraua.org.br - 10/08/2015
Uma expedição realizada entre os dias 16 e 26 de julho para a Reserva Amanã, no Amazonas, procurou registrar a prática do manejo de abelhas para produção de mel por comunitários da região. A atividade é parte do projeto intitulado "A percepção das abelhas nativas da Amazônia e práticas sociais associadas: criando, colhendo mel e capturando enxames", desenvolvido pelo pesquisador Samuel Le Rouzic, da Universidade de Rennes 2, da França, e conta com apoio do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá.

Durante a atividade, foram realizadas visitas a 17 criadores, de nove comunidades da Reserva Amanã. A relação entre os criadores e a atividade é um dos registros que será feito pela pesquisa. Segundo o pesquisador, o importante é dimensionar o potencial da criação de abelhas na Amazônia: "Acredito que sejam mais de 30 espécies de abelhas na reserva, em torno de 12 espécies que podem ser domesticadas, e talvez 10 que têm um valor econômico para a produção de mel".

A metodologia utilizada é em forma de "conversa informal" em que o criador narra sua percepção sobre a relação entre as abelhas e as atividades, conforme explicou o técnico do Instituto Mamirauá, Jacson Rodrigues: "O pesquisador tenta encontrar respostas para como o primeiro contato com as abelhas, porque se interessou em criar e o que mudou nos métodos de extração de mel, com o passar do tempo. É uma forma de aprimorar as informações para entender essa relação da população local com as abelhas".

De acordo com o planejamento do estudo, será feita uma investigação etnozoológica em três distintos contextos: onde a criação tradicional de várias espécies de abelhas nativas é substituída gradualmente pela apicultura intensiva para exportação, onde é desenvolvida atividade semiprofissional com a aclimatação de espécies exógenas, e onde a criação de abelhas permanece ancorada em uma tradição familiar. A pesquisa também está sendo desenvolvida em outros países da América Latina tais como: Cuba, Equador e Peru.

O pesquisador conheceu os trabalhos realizados na região Amazônica por meio da publicação "Guia Ilustrado das Abelhas Sem-Ferrão das Reservas Amanã e Mamirauá, Amazonas, Brasil" do Instituto Mamirauá, que trata sobre os trabalhos relacionados ao manejo de abelhas.

Assessoria técnica do Instituto Mamirauá

Desde 2009, o Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, presta assessoria técnica aos criadores de abelhas da região. Durante alguns cursos ministrados pelos técnicos do Instituto, o modelo da 'Caixa Colmeia' foi apresentado aos comunitários, o que facilitou a criação das abelhas integrada com os agroecossistemas e consequentemente a forma de coleta do mel. "Eles conseguem ter, as suas necessidades atendidas, em relação aos produtos das abelhas sempre que precisam, mesmo que seja para consumo próprio da família. Hoje com a apropriação das práticas eles já visam aumentar e melhorar a sua criação estrategicamente realizando as divisões de colmeias, a partir daquelas presentes no meliponário, além do uso de boas práticas de coletas e armazenamento, melhorando a qualidade e aumentando a produção do mel e pólen, para vender e ter retorno econômico", afirmou Jacson.

Maria Erly das Chagas de Oliveira, moradora da comunidade de São João do Ipecaçú, ressalta os avanços da atividade, o que vem sendo acompanhado por técnicos do Programa de Manejo de Agroecossistemas do Instituto Mamirauá. "Quando o curso chegou aqui na comunidade, nós conversamos muito sobre como as abelhas são importantes para a natureza, porque elas ajudam as árvores a darem frutos e ajudam a gente com a produção do mel, que é bom para ter em casa e acaba também sendo uma renda extra", afirmou a moradora.

As espécies de abelhas trabalhadas pelos comunitários na Reserva Amanã são chamadas localmente de Jandaíras entre elas se destacam; Uruçú-Boca-de-renda (Melipona seminigra merrillae), Jandaíra preta (Melipona seminigra pernigra), Uruçú amarela (Melipona paraensis) e Uruçú vermelha (Melipona crinita). Conforme observações e percepções dos criadores de abelhas, essas espécies apresentam fácil adaptação ao modelo de "caixa colmeia" sugerido para o manejo. Além disso, essas espécies têm dado retorno positivo em relação à produção de mel e pólen no modelo de caixa.



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