O Ministério Público (MP) instaurou inquérito civil para apurar a intenção do Governo de São Paulo em privatizar a Estação Ecológica de Itirapina (SP), onde há importante remanescente de cerrado, um dos poucos do Estado de São Paulo.
A investigação do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) é baseada em uma moção que relata diversas inadequações em um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Não há previsão de quando o projeto será votado e, segundo o Governo do Estado, a proteção da floresta nativa do cerrado está garantida pelo plano de manejo. O governo diz também que no fim da concessão as empresas vão precisar devolver a área com floresta nativa recuperada.
O governo estadual pretende conceder à iniciativa privada a estação experimental de Itirapina por 30 anos, podendo ser prorrogado por mais 30. Pelo projeto, empresas poderiam fazer a exploração de madeira não nativa no local. Mas segundo o MP, a concessão prevista no projeto de lei pode colocar em risco a área preservada de cerrado, de 2,3 mil hectares.
Ao todo, a estação possui 3,2 mil hectares e é usada para experimentos com madeiras como pinus e eucalipto. Entretanto, os ambientalistas entendem que essas espécies são consideradas invasoras e estão contaminando a reserva de cerrado, já que as sementes se propagam por até 25 quilômetros de distância.
Riscos
Segundo o biólogo Fábio Matheus, essa monocultura não afeta apenas as plantas. "Você encontra ainda animais, como o lobo-guará, várias aves, e isso é muito importante", disse.
Esse e outros argumentos, mostrados em um estudo científico da Universidade Estadual Paulista (Unesp), motivaram a moção para barrar o projeto de lei. "Você não tem diversidade de espécies, você tem uma monocultura com uma diversidade só, dificilmente é possível ver pássaros em uma floresta com pinus e ela tem uma dispersão muito rápida, conseguindo atingir outra floresta rapidamente e competir rapidamente", comentou o biólogo.
O promotor Ivan Carneiro acredita que, se essa privatização não for bem executada, há o risco da área de cerrado ser extinta. "A cada cinco ou sete anos a própria árvore que nasceu vai novamente reproduzir sementes e continuar em um processo de invasão da área de estação ecológica, de proteção integral e que conta com área de 2,3 mil hectares de cerrado precisando ser preservada", afirmou.
Estima-se que atualmente menos de 1% das reservas de mata nativa em São Paulo é de vegetação do cerrado e em Itirapina é possível encontrar espécies muito importantes para a biodiversidade da região e do Estado. "O risco é diminuir a significativa biodiversidade do cerrado que existe mas está em extinção no Estado de São Paulo, uma das unidades mais representativas", disse o promotor
Segundo o biólogo, os impactos podem ser irreversíveis. "Acabar com esse cerrado hoje seria um caos porque nesse cerrado encontrado no Estado de São Paulo existe um germoplasma, com um tanto de sementes para poder estar repovoando outras áreas", explicou Matheus.
http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2013/11/promotoria-investiga-privatizacao-de-reserva-de-cerrado-em-itirapina-sp.html
UC:Estação Ecológica
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