Servidores da Secretaria Estadual do Índio de Roraima (SEI), localizada no Parque Anauá, solicitaram novamente a presença da Policia Militar depois de suposta ameaça de invasão por parte dos indígenas que permanecem acampados, desde o dia 17 de janeiro, na área externa do prédio, que fica no Parque Anauá. Eles cobram, além da nomeação de indígenas em cargos comissionados, a saída do secretário Chico Roberto.
A Folha conversou com o major Leôncio, que comandava a operação na sede da secretaria. Ele disse que a polícia foi acionada após princípio de tumulto. "Aproveitamos o treinamento dos policiais militares que participam do curso do Grupo de Intervenção Rápida Ostensiva (Giro), que farão parte da ronda patrulha, para que mantivéssemos a ordem no local. Conversamos com as lideranças e conseguimos acalmar os ânimos", disse.
Os indígenas, no momento em que a Folha conversava com a PM, pediam a saída do atual secretário e gritavam palavras de ordem e protestos contra o governador Anchieta Júnior (PSDB). O secretário-geral da Sodiurr (Sociedade de Defesa dos Índios Unidos de Roraima), Rondinele Abel Moraes, denunciou que os agentes de polícia chegaram a ameaçar afirmando que utilizariam armas de fogo contra as pessoas do movimento.
"Quando um dos policiais, o mais novo, chegou perto da gente, ele foi logo falando que a 'doze' [arma de fogo] era para nós. Ela já estava preparada. Os argumentos dos policiais eram de que estávamos incomodando as pessoas, mas é importante esclarecer que a única coisa que queremos são os nossos direitos. A secretaria de Índio é para estar nas mãos de índio. Não aceitamos essa imposição do governo e da polícia. Isso não é certo. Não podemos ser ameaçados de levar bala por policiais porque estamos protestando", denunciou.
O presidente da entidade indígna, Lupedro Abel Moraes, chegou a afirmar que a iniciativa de desmobilizar os indígenas partiu de um comando do governador de Roraima. "A única coisa que estamos fazendo é a nossa manifestação. O Anchieta não vai conseguir acabar com o movimento. Só sairemos daqui depois que ele atender as nossas reivindicações e publicar no Diário Oficial a nomeação do secretário", frisou.
Conforme adiantou a Folha, a indicação dos indígenas, para assumir o cargo de secretário da pasta, é o advogado indígena, da etnia Macuxi, Weston Rapouso. Ele explicou que existem recursos disponíveis em torno de R$ 6 milhões, mas que nunca foram investidos em melhorias para os povos indígenas. "Fomos abandonados pelo atual governo", afirmou.
Além da saída do secretário e do adjunto, eles querem seletivo para professor indígena. "As pessoas não sabem gerir o recurso que vem para pasta. Estamos enfrentando dificuldades, as estradas estão em péssimas condições, nossas crianças estudam embaixo de árvores, não temos uma agricultura forte. Queremos política justa e igualitária. Precisamos de apoio da secretaria", disse o indígena Dênis de Almeida, da comunidade do Ananais, Amajari.
DENÚNCIAS - Os indígenas relataram, recentemente, à Folha possível abuso de policiais, ainda no final de janeiro, quando agentes chegaram ao local pedindo que deixassem o prédio e, caso resistissem, seriam retirados à força. "Dormimos embaixo de árvores. Fomos impedidos de usar os banheiros da secretaria e aqui temos crianças e idosas. A ação da polícia não vai nos desanimar, afirmamos que só iremos sair daqui quando houver negociação com o governador", disse o indígena Jeferson Ferreira.
Permanecem acampados nos fundos do prédio indígenas das etnias Macuxi, Wapichana, Ingaricó e Yanomami. Eles estão com redes armadas, fogueira, mesas, cadeiras e automóveis que ficam em volta das pessoas que pernoitam no local.
http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=165247
PIB:Roraima/Lavrado
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