A beleza, calmaria e a água refrescante da lagoa do Curiaú (distante cerca de 15 quilômetros da capital) fazem da Área de Proteção Ambiental (APA) um dos destinos preferidos dos banhistas, no Amapá. No entanto, a exuberância do balneário da região divide espaço com o lixo deixado pelos visitantes. Garrafas pet, latinhas de cerveja, entre outros objetos, lideram o ranking do descaso com o meio ambiente, alguns levam até 100 anos para se decompor. Para minimizar a situação, um grupo de bombeiros teve a iniciativa de tirar parte dos detritos da lagoa, nesta quarta-feira (21).
A atividade foi realizada no último dia do primeiro curso de salvamento aquático do Estado. O local serviu de treinamento para os militares que se sensibilizaram com a condição da área de proteção ambiental e resolveram "arregaçar as mangas". "Fizemos essa ação social em respeito ao meio ambiente, a comunidade quilombola que vive aqui e aos próprios banhistas, que podem se machucar com o lixo como cacos de vidro. Tiramos algo em torno de 50 quilos de sujeira", afirmou o capitão Elizeu Leão.
Apesar da presença de lixeiras nos restaurantes e no deck do balneário do Curiaú, o que falta para o lixo estar no lugar certo é educação. Pelo menos é o que acredita o dono de um dos empreendimentos do lugar, Marcelino Ramos, de 68 anos. O pequeno empresário não mede esforços para manter a limpeza da área. Três vezes por semana, ele entra na água fria da lagoa e com a ajuda de uma canoa recolhe o lixo deixado pelos clientes e outros banhistas. "Não adianta ter lixeira, se falta consciência. Toda semana é assim. As pessoas vêm em busca de diversão e levam um pedaço da beleza daqui", disse desapontado
A dona de casa Uérica de Souza, de 28 anos, esteve no balneário da reserva pela primeira vez, nesta quarta-feira (21). Acompanhada pelo marido, tios e sobrinha, ela aprovou a iniciativa dos bombeiros, mas lamentou que a situação seja comum em lugares semelhantes. "Moro em Altamira, no Pará, e o que acontece aqui também acontece nas praias de lá. As pessoas precisam aprender a desfrutar a natureza sem degradar. Mesmo quando não há lixeiras, o que custa trazer um saco plástico para reunir o lixo e jogá-lo fora em um lugar apropriado?", sugeriu a visitante.
Nesta quinta-feira (22) é comemorado o Dia Internacional da Biodiversidade. Escolhida pela Organização das Nações Unidas (Onu) a data visa aumentar a conscientização da população sobre a importância de proteger a diversidade biológica do mundo. O Curiaú é uma unidade de proteção com área de 23 mil hectares, que tem como objetivo proteger e conservar os recursos naturais e ambientais da região. Na reserva ambiental, vivem remanescentes de quilombos que lutam para preservar a beleza natural do lugar e a memória dos antigos escravos trazidos no século XVIII para a construção da Fortaleza de São José de Macapá.
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UC:APA
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