Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) realizaram mais uma contagem da população de araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) na região do Raso da Catarina (BA), em novembro passado. A atividade faz parte do projeto de monitoramento populacional e permite que os pesquisadores possam avaliar a condição da população e o trabalho de preservação da espécie.
O resultado do censo estima que existam 1.294 araras-azuis-de-lear distribuídas em sete municípios do nordeste baiano, numa área de oito mil quilômetros quadrados. Diferentemente dos censos anteriores, a contagem atual foi realizada em 12 pontos da região, incluindo os paredões conhecidos como Serra Branca e na Toca Velha. O monitoramento foi ampliado ainda para os locais que eram utilizados pelas aves como dormitório - na região das barreiras, município de Canudos, e outro na terra indígena dos Pankararés, município de Glória.
Sobre a espécie
A arara-azul-de-lear vive em bandos e utiliza para descanso e reprodução os paredões rochosos de arenito-calcário localizados em dois sítios protegidos, a Serra Branca, localizada na região sudoeste da Estação Ecológica (ESEC) do Raso da Catarina, no município de Jeremoabo; e a Toca Velha na Estação Biológica de Canudos, de propriedade da Fundação Biodiversitas, no município de Canudos.
A espécie se reproduz apenas nas cavidades naturais dos paredões. A época reprodutiva vai de setembro a julho, quando os últimos filhotes saem dos ninhos. Um mesmo paredão que contenha diversas cavidades pode abrigar vários casais em atividade reprodutiva e em cada cavidade podem ser criados de um a três filhotes por temporada.
A degradação do ambiente (desmatamento, queimadas e mineração), a falta de alimentos (especialmente os frutos de licuri, palmeira típica da região) e o tráfico de animais colocaram a espécie na situação de Criticamente em Perigo (CR) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), em 2008.
Recuperação da arara-azul-de-lear
Para reverter a situação e promover o aumento populacional da espécie, o ICMBio, através do Cemave, coordena o Plano de Ação Nacional (PAN) para a Conservação da arara-azul-de-lear, desde 2011. O PAN foi elaborado com a participação de 46 representantes de 29 instituições, incluindo o poder público e privado, ONG's, instituições de ensino e pesquisa e sociedade civil, envolvidas direta ou indiretamente com a conservação da espécie. Atualmente, a classificação da espécie melhorou para Em Perigo (EN).
"A população da sinais de recuperação, com a ocupação de locais anteriormente utilizados pelas aves no passado. No entanto a destruição e alteração do seu habitat põe em risco todo o esforço feito até o momento, caso medidas para conter esses impactos não sejam adotadas", explica o coordenador substituto do Cemave, Eduardo Araujo. "O trabalho envolve a geração de conhecimento e monitoramento constante sobre a espécie, combate ao tráfico e um trabalho, já consolidado, de envolvimento da comunidade local em projetos de geração de renda que agrega práticas sustentáveis visando a melhoria na qualidade de vida da comunidade local", conclui Araujo.
Conheça o PAN
Parceiros do censo
A atividade contou com a participação de colaboradores do Plano de Ação Nacional (PAN) para Conservação da Arara-azul-de-lear, técnicos da Fundação Biodiversitas e voluntários selecionados e treinados em maio do ano passado para o Programa de Voluntariado, promovido em conjunto entre o Cemave e a Estação Ecológica (Esec) do Raso da Catarina (BA).
"O trabalho de voluntário significa muito. A experiência é vasta de oportunidades", declara Mirian Lima, estudante de Agronomia da Faculdade do Nordeste da Bahia (FNB) e integrante do Programa de Voluntariado do Cemave/ESEC Raso da Catarina. "Saber que a nossa região tem um grande potencial de preservação ambiental. É bom saber que estou ajudando a manter essa riqueza, que é tão grande e bela", conclui a estudante.
O censo e o Programa de Voluntariado têm apoio da Fundação Biodiversitas, da Serra Branca Leari Foundation e do Seguro de Cobertura Familiar (Secof).
Sobre o Cemave
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) é um dos 11 Centros geridos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com atuação em todo território brasileiro e sede localizada na Floresta Nacional Restinga de Cabedelo.
O Cemave coordena um programa nacional de marcação de aves na natureza (Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres - SNA) com anéis numerados (ANILHAS), o maior do gênero na América Latina. Também é responsável pela avaliação do estado de conservação das aves brasileiras e pela elaboração e coordenação de Planos de Ação Nacionais (PAN) que atuam na conservação de aves brasileiras ameaçadas de extinção e das aves migratórias.
http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/20-geral/6693-cemave-finaliza-censo-2014-da-arara-azul-de-lear.html
Biodiversidade:Fauna
Related Protected Areas:
- UC Raso da Catarina
- UC Restinga de Cabedelo
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.