Depois de dez dias de atividades em campo, os pesquisadores do Instituto Mamirauá retornam de uma expedição realizada na região do Rio Jutaí, oeste do estado do Amazonas. O objetivo é realizar o levantamento da biodiversidade na Reserva Extrativista Rio Jutaí e na Estação Ecológica de Jutaí-Solimões. O trabalho compreende a realização de um inventário da fauna da região e também um trabalho com as populações humanas. Entre as atividades, está sendo feito levantamento socioeconômico das comunidades.
As pesquisas foram iniciadas no ano de 2014, a partir de uma demanda do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além dessas duas Unidades de Conservação, a parceria entre o Instituto Mamirauá e o ICMBio também vai viabilizar a realização do inventário da biodiversidade da fauna em outras quatro áreas da região do Médio Solimões: Reservas Extrativistas do Baixo Juruá e Auati-Paraná, Estação Ecológica Juami-Japurá e Área de Relevante Interesse Ecológico Javari Buriti.
"É um trabalho completo, no sentido de envolver uma diversidade de grupos de seres vivos, e uma diversidade de abordagens, incluindo a parte social, que o instituto já tem um Know-how com esse tipo de trabalho. O potencial da área é grande, e o trabalho tende a contribuir bastante para o entendimento desse cenário", afirmou Felipe Ennes, pesquisador do Instituto Mamirauá.
Essa é a quarta expedição feita para essa região. Já foram iniciadas as pesquisas sociais e o levantamento da biodiversidade de peixes, aves, primatas, quirópteros, répteis e anfíbios. Marcelo Vieira, gestor da Reserva Extrativista pelo ICMBio, reforçou a importância da parceria para subsidiar as atividades de manejo dos recursos naturais pelas comunidades: "Por ser uma Reserva Extrativista, a população precisa desses recursos. Ainda temos pouco conhecimento sobre essa região. O relatório faunístico é importante pois é o primeiro passo para qualquer ação em relação ao manejo", afirmou.
A Resex do Rio Jutaí foi criada em 2002 e possui a área de cerca de 275.500 hectares. Enquanto a Esec de Jutaí-Solimões possui mais de 30 anos de criação (1983), e compreende a área de cerca de 289.500 hectares. Embora sejam Unidades de Conservação criadas há bastante tempo, ricas em biodiversidade e consideradas áreas de relevante importância ecológica pela Unesco, ainda há pouco conhecimento científico sobre a região.
O plano de trabalho acordado entre o Instituto Mamirauá e o ICMBio reforça que a realização de um levantamento sobre as espécies que ocorrem na região é imprescindível para traçar os próximos passos em relação às possíveis estratégias de conservação. "A parceria entre o Instituto Mamirauá e o ICMBio de Tefé aumentará a produção e publicação do conhecimento científico sobre a biodiversidade e populações humanas locais, o que auxiliará em bases fundamentais para sua conservação e manejo sustentável", aponta o documento.
A proposta é que as pesquisas sejam realizadas até o ano de 2017, compreendendo as seis Unidades de Conservação. Desde o início dos trabalhos, os pesquisadores visitaram as áreas para realizar entrevistas com as populações locais. No caso das pesquisas com foco na fauna, o depoimento dos comunitários contribui para se ter ideia da diversidade de espécies. Além das entrevistas, também tem sido realizado trabalho de busca ativa, percorrendo as trilhas, igapós e rios, e coleta de espécies observadas. "Queremos saber o panorama da diversidade de espécies da região. A gente tem muita dúvida com relação à taxonomia, classificação e identificação das espécies daqui. Estamos dando o primeiro passo, entendendo quais animais ocorrem nessa área, trabalhando na identificação dos animais e distribuição desses grupos", contou Felipe Ennes.
http://www.mamiraua.org.br/pt-br/comunicacao/noticias/2015/3/6/parceria-entre-instituto-mamiraua-e-icmbio-vai-produzir-inventario-da-fauna-em-seis-areas-protegidas-no-amazonas/
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