O Globo, Rio, p. 18 - 05/03/2020
Oito casas são demolidas pelo Inea em área de preservação de Realengo
Condomínio no bairro Barata fica localizado próximo ao Parque Estadual da Pedra Branca
Leticia Lopes e Rafael Nascimento de Souza
Oito casas de um condomínio construído às margens do Rio Piraquara, em Realengo, na Zona Oeste, foram demolidas, nesta quarta-feira (04), durante uma operação conjunta entre o Instituto Estadual do Ambiente e a Secretaria de estado de Ambiente e Sustentabilidade. Os imóveis estavam localizados no bairro Barata, em uma Área de Preservação Permanente (APP), próxima ao Parque Estadual da Pedra Branca.
As oito casas ainda estavam inacabadas e sem moradores. Segundo o presidente do Inea, Carlos Henrique Vaz, um nono imóvel já está em estado adiantado de construção, e os moradores serão notificados.
- As casas estavam fora do parque, porém em uma Área de Preservação Permanente (APP). Nessa última casa, a gente não pode fazer a demolição. Vamos abrir um processo administrativo. Por fora você consegue ver que está bem acabada, mas não conseguimos contato com ninguém - explica Vaz, que acompanhou a operação.
De acordo com o presidente, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e a Secretaria de estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) já sabiam da construção do condomínio desde de setembro do ano passado, quando a construção foi embargada. Ainda não há informações sobre a identidade dos responsáveis pelas obras.
- Quem estava fazendo a construção desse condomínio chegou a mudar o curso do rio, e com essas chuvas algumas das casas ficaram alagadas. Em setembro, nós viemos até aqui, fizemos uma operação e embargamos a construção. Em outubro, retornamos e notificamos novamente. Agora, com essa nova denúncia de que as obras continuaram, voltamos para a demolição sumária - diz Vaz.
Na operação, equipes do Inea encontraram também ligações ilegais de água e energia elétrica em áreas próximas, e três moradores foram conduzidos à delegacia.
Milícia estaria em expansão na região
Depois das chuvas que causaram estragos na região, moradores do Barata, em Realengo, contaram que a milícia invadiu há cerca de um ano uma área de mata no Parque Estadual da Pedra Branca, vizinha a dos imóveis destruídos no domingo (1o), para dar início a um empreendimento. As obras de pelo menos cinco prédios estão em andamento. A construção, segundo moradores, foi embargada pela prefeitura, mas os trabalhos não pararam.
- Já ligamos várias vezes para a prefeitura, e nada. A obra segue a todo vapor. Estão fazendo isso para ganhar dinheiro, mas não pensam nas outras pessoas - contou um morador, que pediu para não ser identificado.
Ele contou que as casas do bairro foram invadidas pela lama no domingo porque uma manilha, instalada pela milícia para desviar o curso de um rio, arrebentou, e a água levou tudo o que encontrou pela frente.
O Globo, 05/03/2020, Rio, p. 18
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