Já são duas as ocupações de unidades de conservação ambiental feitas por índios pataxós, no Leste do Estado. Parte do Parque Estadual Serra da Candonga, em Guanhães, no Vale do Rio Doce, foi tomada por 35 índios - a maioria, mulheres e crianças - que reivindicam a área para a formação de uma aldeia. Desde 21 de julho, 80 integrantes da mesma etnia vivem no Parque Estadual do Rio Corrente, em Açucena. A reivindicação é a mesma: novas terras.
O grupo de Guanhães é chamado Minueira e tem como líder o cacique Paxohãn, nome que em tupi significa "idioma". A intenção é fixar raízes na área ocupada. A invasão aconteceu em 11 de julho, mas só agora foi descoberta.
Paxohãn diz que a luta dos pataxós por uma nova área já dura cinco anos e a tomada do Parque da Candonga foi a alternativa encontrada para amenizar a má distribuição de terras destinadas às comunidades indígenas. Ele reclama do pouco espaço na Fazenda Guarani, em Carmésia ( Rio Doce), onde seu grupo e outros três, também pataxós, viviam. O terreno teria ficado pequeno devido ao aumento da população.
Outras queixas são a escassez de água, de mata, de animais para caça e até de matéria-prima para o artesanato, principal meio de sobrevivência dos pataxós. Ainda de acordo com o cacique, se a Candonga fosse um parque legalizado, "não estaria sendo desfrutado por fazendeiros e posseiros".
"Ocupamos a Candonga e queremos criar nossas famílias aqui, além de cultivar e preservar o meio ambiente. Não pretendemos sair", avisa o líder da comunidade, que espera receber a visita de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e o apoio da Prefeitura de Guanhães para dar assistência à tribo.
O Parque Estadual Serra da Candonga fica em área de domínio da Mata Atlântica e tem 3.302 hectares. Com relevo suavemente ondulado, abriga 20 nascentes de cursos d'água - que formam os córregos Barra Mansa, Barreira e Conquista -, oito represas construídas, cachoeiras e corredeiras naturais. A Serra da Candonga fica a 13 quilômetros de Guanhães e também é conhecida pelo valor histórico, herança do tempo em que a extração do ouro movimentava a então São Miguel e Almas, no início do século XIX.
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