FSP, Cotidiano, p. C11 - 12/01/2011
Parque na zona leste tem lixo e assalto
Vizinha ao parque do Carmo, área verde consta como "implantada" em site da prefeitura, mas está abandonada
Grades foram roubadas e córrego está poluído; moradores reclamam que local é reduto de drogas e assaltantes
Luiz Carlos Murauskas
Cristina Moreno de Castro
De São Paulo
Bem ao lado do parque do Carmo, em Itaquera (zona leste), uma área verde com o triplo do tamanho está abandonada. É o Parque Natural Municipal Fazenda do Carmo, com 4,5 milhões de m2, que consta no portal da Prefeitura de São Paulo como "implantado" desde 2005.
Segundo o site, lá é possível encontrar remanescentes da mata atlântica, como cuvitingas, camboatás e pixiricas.
Além disso, "trata-se de um dos últimos fragmentos de vegetação da zona leste", que faz parte do Cinturão Verde da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e vai amenizar "problemas locais iminentes" em Itaquera.
Apesar disso, suas grades estão sendo roubadas, um de seus córregos está poluído e não há vigilância 24 horas.
Ele é cercado por grades, que, à medida que ficam enferrujadas, começam a cair. É a deixa para que carroceiros as furtem, para vender.
Longos trechos estão completamente desprotegidos e, sem as grades, o parque vira reduto de assaltantes, principalmente à noite.
"É muito mato, muito escuro. Evito de passar porque o perigo é demais", diz a vendedora Gisele Souza, 20, que mora na região desde que nasceu. "Ali sempre foi abandonado assim."
Na altura do n 10.700 da av. Aricanduva, um campo de futebol dentro do parque está sem manutenção, com lama, matagal e sujeira. Um córrego que surge atrás dele tem garrafas e sacolas plásticas, pneus e isopores.
Uma placa pichada, sobre mato alto, informa o nome do parque, diz que é uma "unidade de conservação de proteção integral" de responsabilidade da prefeitura e que "lugar de lixo é na lixeira". Sob ela, copos plásticos, pacotes de cigarro e de biscoitos e restos de vela e comida.
Um casebre com a placa da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que dirige o local, estava fechado quando a Folha esteve ali e não havia vigias de manhã ou à tarde.
Esse campinho é separado da avenida apenas por duas correntes enferrujadas. Como não há vigias, ele é usado como ponto de drogas à noite e para peladas de futebol nas tardes dos fins de semana, segundo moradores.
Na área do parque há ainda ocupações irregulares, que estão sendo contestadas na Justiça pela prefeitura.
Outro lado
Área verde tem vigilância, diz secretaria
De São Paulo
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou que a área do Parque Municipal Fazenda do Carmo, na zona leste de São Paulo, era da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação) e foi adquirida pela prefeitura em 2008.
A compra visou a criação de um parque natural, que ainda não foi totalmente implementado.
Os objetivos do parque são "proteção da biodiversidade, pesquisa científica, atividades de educação ambiental, ecoturismo e visitas monitoradas", com restrições.
Vigilância
De acordo com o órgão, foi contratada vigilância patrimonial 24 horas por dia, desde que o terreno foi adquirido pela prefeitura.
A secretaria não explicou por que não havia vigias no dia visitado pela Folha e por que as grades são roubadas, se há vigilância.
Grades
Desde 2008, a área já foi mapeada, recebeu um plano de manejo, um projeto para a sede -que deve ser entregue neste ano- e um plano de gestão para toda a área.
A recuperação das grades e implantação de novo gradil estão em em fase de licitação, segundo o órgão.
(CMC)
FSP, 12/01/2011, Cotidiano, p. C11
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1201201127.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1201201128.htm
UC:Parque
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- UC Parque e Fazenda do Carmo
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