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Gestores do Parque Nacional (Parna) do Cabo Orange, no Amapá, acabam de chegar de uma expedição ao rio Oiapoque, no entorno do Parque. A expedição, que contou com a participação de representantes do Parc Naturel Régional de la Guyane, que fica na Guiana Francesa, começou na comunidade guianense de Ouanary, perto da foz, e seguiu até a cachoeira de Grand Roche.
O objetivo foi o de avaliar o conhecimento dos ribeirinhos sobre a presença na região de uma espécie de lagarto considerada rara na Guiana Francesa. O animal, conhecido no Brasil como Jucuruxi (Dracaena guianensis), foi encontrado em Saint Georges, cidade fronteiriça com o município brasileiro de Oiapoque (AP).
Durante os três dias da expedição, de 25 a 27 de janeiro, foram realizadas 346 entrevistas em 17 locais. Cerca de 40 pessoas disseram já ter visto o lagarto, em vários lugares diferentes, inclusive em outros estados e regiões do Brasil e da Guiana Francesa.
As próximas etapas serão a análise dos dados, a cartografia dos locais da pesquisa e dos locais onde foi avistada a espécie de lagarto e a avaliação da necessidade de estudos mais avançados, visto que o status populacional da Dracaena guianensis pode ser comprometido com a expansão das cidades ribeirinhas de Oiapoque e Saint Georges.
A idéia é que este levantamento da ocorrência da espécie na região ribeirinha do rio Oiapoque possa estimular e embasar instituições de pesquisa locais, tanto brasileiras, quanto guianenses e francesas (a Guiana é um departamento da França), para o desenvolvimento de projetos de pesquisa científica sobre a Dracaena guianensis. Os estudos podem embasar os governos locais na promoção de áreas prioritárias para a conservação desta espécie, tornando-a mais protegida em âmbito local.
A expedição foi composta por Ivan Machado de Vasconcelos, analista ambiental do Parna do Cabo Orange, dois colaboradores do parque, quatro pilotos do barco Peixe-boi, um representante do Parc Naturel Régional de la Guyane e um fotógrafo de Saint Georges.
Foi utilizado um barco regional de madeira de 17 metros (Peixe-boi), de propriedade do Parna do Cabo Orange , com 12 camas, banheiro, cozinha, para servir de alojamento aos participantes da expedição, e uma voadeira de alumínio, para se ter acesso aos moradores ribeirinhos dos dois lados do rio, desde a foz até a cachoeira de Grand Roche. Foram feitas várias entrevistas com a comunidade sobre a presença do lagarto.
ACORDO - O Parna do Cabo Orange e o Parc Naturel Régional de la Guyane assinaram um instrumento de cooperação internacional em 2008 (Memorando de Entendimento), celebrando um programa de Cooperação chamado Oiapoque Natureza (Oyana). O programa de cooperação contempla diversos projetos em várias áreas temáticas, como educação ambiental, pesquisa, desenvolvimento sustentável, políticas públicas e turismo.
O Oyana abrange a região ribeirinha do rio Oiapoque e a presença de representantes de ambos os parques neste local permite a realização de atividades conjuntas, com equipes mistas, como esta enquete para identificar a ocorrência deste lagarto nos dois lados do rio, França e Brasil.
A presença da equipe brasileira no lado francês, nas comunidades ribeirinhas francesas, foi autorizada pela Polícia de Fronteira da Guiana Francesa, que apoia o Programa de Cooperação Oyana e o trabalho conjunto entre os parques. A equipe mista franco-brasileira também recebeu a autorização da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Oiapoque para a entrada desta equipe nas aldeias ribeirinhas brasileiras do rio Oiapoque.