Apesar do esforço de bombeiros e brigadistas, o fogo no entorno do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, localizado a 30 quilômetros da área urbana de Cuiabá, persiste há seis dias. Ontem, as chamas atingiram a unidade de conservação (UC).
"Um foco na região do (rio) Mutuca adentrou ao parque, mas foi controlado. Mas, nas áreas de morrarias, onde é mais difícil o combate", informou o diretor da UC, Cecílio Pinheiro, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com Pinheiro, a queimada começou na última sexta-feira, nas proximidades da comunidade rural do Coxipó do Ouro. Desde então, cerca de 30 brigadistas atuam no combate ao incêndio, que abriu uma frente de mais de 25 quilômetros de linha de fogo. "Está complicado e difícil porque o fogo subiu a serra", comentou Gilmar Bosco de Almeida, da Brigada Pantanal do Corpo de Bombeiros.
Almeida fazia parte de uma equipe que, ontem pela manhã, tentava controlar um foco à beira da Rodovia Emanuel Pinheiro (MT-251), que corta o parque nacional. Ao longo da pista, nos dois sentidos, o que se vê é um rastro de destruição da vegetação nativa. Também havia animal morto, provavelmente, ao tentar atravessar a rodovia para escapar do incêndio.
Em vários trechos, a fumaça dificulta a visibilidade dos motoristas. "Nas abordagens, estamos orientando os condutores para que redobrem a atenção e, ao se aproximarem de algum foco, procurar verificar se dá para passar ou, então, buscar um lugar seguro para parar", disse o cabo da Polícia Militar, Antônio Soares de Amorim.
Moradores da região também estavam preocupados. "À noite a gente não dorme mais direito, fica de sentinela. O medo é de que o fogo possa atingir alguma casa", comentou o caseiro Ademar José de Oliveira, 46 anos, responsável por uma chácara localizada na região do Mutuca.
Preocupação semelhante tinha José Mendes, 58 anos, que cuida de uma chácara nas proximidades do Rio Claro. Lá, o fogo chegou a cerca de três metros da casa de madeira, onde ele vive. "O susto foi grande, mas já havia retirado roupas, colchão e utensílios domésticos de dentro do barraco", contou. Por segurança, ele tem passado às noites em uma casa que fica no bairro CPA, em Cuiabá.
Analista ambiental do ICMBio, Priscilla Correa, informou que mais 25 brigadistas de outras unidades de conservação do Estado estariam se deslocando para o parque nacional para ajudar no combate ao fogo. Também não estava descartada a possibilidade do órgão ambiental solicitar reforço (aeronaves) ao ICMBio, em Brasília.
Um dos grandes incêndios registrados no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães ocorreu em 2010. O fogo teve inicio próximo ao Morro do São Jerônimo, atingiu o Mirante do Centro Geodésico, o Circuito das Cachoeiras ate? chegar próximo de Campo Verde (131 quilômetros, ao sul da Capital). Na época, foram consumidos em torno de 15 mil hectares.
Segundo Pinheiro, após o controle, será feita perícia para tentar identificar onde começou e o que o provocou o incêndio. No Estado, as queimadas estão proibidas desde o dia 15 de julho passado.
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