FSP, Cotidiano, p. C1 - 23/01/2013
Tamoios terá segunda pista com 21,5 km no trecho da serra do Mar
Traçado 'separado' do atual será o 'menos impactante possível', além de seguro, diz presidente da Dersa
Percurso terá 12,6 km de túneis e 2,5 km de viadutos; pista atual será usada para descida e a nova para subida
EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO
Para atenuar o impacto ambiental, os 21,5 km do trecho de serra da nova pista da rodovia dos Tamoios serão totalmente descolados do trajeto atual.
A duplicação pura e simples da estrada existente causaria um impacto ambiental gigantesco na mata atlântica que está dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, segundo o governo, o que tornaria impossível obter as licenças ambientais necessárias.
Nas palavras do presidente da Dersa, Laurence Casagrande Lourenço, seria uma obra "ilicenciável".
Por isso, a alternativa escolhida é fazer uma pista "à parte", que, se tudo der certo (veja texto abaixo), deverá ficar pronta em 2017.
Para conseguir as licenças ambientais -o governo espera obter a primeira delas, a licença prévia, em abril-, a Dersa optou por fazer grandes túneis durante todo o trecho de transposição da serra do Mar.
Dos 21,5 km totais, 12,6 km serão de túneis e 2,5 km de viadutos. Haverá túneis menores, paralelos aos principais, para serem usados como rotas de fuga em eventuais incêndios ou engavetamentos.
"A rodovia está desenhada para ter o mínimo impacto possível dentro do parque e para dar segurança ao motorista", diz Lourenço.
Em acidentes, o trecho de serra da Tamoios é um dos mais perigosos do Estado.
Pelo projeto apresentado no estudo de impacto ambiental, que pode sofrer ajustes, a atual Tamoios será usada para descida. A subida passaria a ser feita pelo novo traçado.
As rampas serão menos inclinadas do que as atuais e o traçado menos sinuoso. Os veículos grandes poderão chegar ao planalto com a velocidade constante de 80 km/h. Hoje, em algumas curvas, ela não passa de 30 km/h, mesmo com trânsito totalmente livre.
Apesar de todo o esforço do governo em fazer um projeto com pouco impacto, a nova Tamoios, no trecho de serra, deverá afetar 188 hectares -como comparação, o parque Ibirapuera, tem 160 hectares.
Desse total, 56 hectares estão em áreas ainda bem preservadas da mata atlântica.
A floresta que recobre a serra do Mar é o ecossistema mais destruído do Estado. Em 2011, segundo a SOS Mata Atlântica, 216 hectares foram ceifados.
VIDA ÚTIL
O investimento de R$ 2,1 bilhões apenas no trecho da serra deverá render uma estrada com 25 anos de vida útil, estima Lourenço.
Se hoje o trânsito é carregado, inclusive fora dos períodos de férias e feriados, ele deverá voltar a ficar livre com a inauguração de todos os três novos trechos.
Mas o próprio estudo da Dersa mostra que o conforto ao motorista, nas férias, pode durar apenas dez anos, se a ampliação do porto de São Sebastião sair do papel.
Mesmo com a obra, o trânsito não deve acabar durante o Carnaval e o Ano-Novo. "São dois grandes picos. O investimento para resolver essa demanda não se justifica", diz o presidente da Dersa.
Região deverá ficar até 2017 em obras
DE SÃO PAULO
Como o projeto da Nova Tamoios tem três trechos distintos, a região entre São José dos Campos e Caraguatatuba deverá ficar em obras até 2017.
O trecho de planalto já causa transtornos aos motoristas. No último domingo, quem subia a serra demorou até sete horas.
De acordo com a Dersa, a inauguração desse trecho tem data marcada: 16 de dezembro deste ano.
Pelo cronograma oficial, deverão começar ainda neste ano as obras em mais três frentes de trabalho.
O chamado contorno norte (estrada de 6,2 km no município de Caraguatatuba que deverá tirar o trânsito rodoviário do centro da cidade) está previsto para ser entregue em novembro de 2014.
O contorno sul (que vai do pé da serra da Tamoios até a região do porto de São Sebastião), com 31 km, ficará para abril de 2015, diz Laurence Lourenço, presidente da Dersa.
Por fim, a serra. As obras vão começar neste ano e durar até o início de 2017.
Custos
Parceria com setor privado pode não sair
De acordo com Laurence Lourenço, presidente da Dersa, o governo de São Paulo ainda estuda se o trecho de serra da Nova Tamoios será feito como uma obra pública ou por meio de uma parceria público-privada. O mais importante, diz o executivo, é o custo em questão. Como muitas vezes os governos têm obtido linhas de financiamento mais baratas do que o setor privado, nem sempre as parcerias com as empresas têm se mostrado muito vantajosas.
FSP, 23/01/2013, Cotidiano, p. C1
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/90044-tamoios-tera-segunda-pista-com-215-km-no-trecho-da-serra-do-mar.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/90045-regiao-devera-ficar-ate-2017-em-obras.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/90046-parceria-com-setor-privado-pode-nao-sair.shtml
UC:Parque
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