78 focos de incêndio já atingiram o Parque Estadual do Rola Moça em 2014

Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente - http://www.amda.org.br - 13/08/2014
De janeiro até agosto de 2014, 78 focos de incêndio atingiram o Parque Estadual da Serra do Rola Moça. O maior deles, que começou na manhã do dia 05 de agosto e só foi controlado na noite seguinte (6), destruiu 193,14 hectares de Mata Atlântica que nos últimos 16 anos não era atingida por qualquer incêndio.

De acordo com o gerente do Parque, Marcus Vinícius de Freitas, o fogo foi detectado logo quando começou, e o combate foi imediato, mas não conseguiu evitar que as chamas se espalhassem, principalmente em função das condições do tempo, seco e com fortes ventos, e ainda das condições do relevo local, muito íngreme. Para o gerente, não há dúvidas de que o incêndio foi criminoso.

"Tudo foi muito imediato, muitos voluntários oferecendo participação, muitos empresários oferecendo ajuda. As maiores dificuldades enfrentadas foram decorrentes das condições de acesso, em função do relevo acidentado da área".

O risco de incêndios florestais em parques e reservas estaduais foi um dos assuntos discutidos, por sugestão da Amda, na última reunião do Plenário do Copam, realizada em 10 de julho. Na ocasião, Maria Dalce Ricas, superintendente executiva da entidade, ressaltou a situação do Rola Moça, lembrando que a unidade de conservação operava com apenas um veículo, e em mal estado de conservação.

No Vetor Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o Parque do Rola Moça, Estação Ecológica de Fechos, outras unidades de conservação e áreas naturais, mesmo não protegidas legalmente, contam com a ação de três brigadas profissionais (Amda/Gerdau, Terra Brasilis/Vale e Copasa), além de voluntários, como a ONG Brigada 1 e brigada voluntária da Amda. As brigadas profissionais são equipadas com veículos e equipamentos próprios para combate. O Parque também conta com uma unidade do Corpo de Bombeiros, que fica localizada dentro da unidade de conservação.

A Amda tem alertado e cobrado do Instituto Estadual de Florestas (IEF) a realização de aceiros nas unidades de conservação, medida que além de contribuir para evitar incêndios, pode ser crucial no combate. No Rola Moça, a Copasa, que é co-responsável por sua gestão, por captar água em diversos mananciais dentro do Parque, também é responsável pela construção de parte dos aceiros de proteção. Segundo Sandro Rabelo de Andrade, coordenador da brigada da Copasa, os aceiros mecânicos foram construídos em algumas das áreas e os manuais começaram a ser implantados nesta segunda-feira (11). Ele explica que a demora aconteceu porque a empresa que ganhou a licitação para realizar a obra foi impugnada pela justiça.

"A Copasa é responsável pela construção de aceiros em oito mananciais, mas a impugnação da empresa atrasou o processo. Os aceiros deveriam ter sido construídos entre os meses de maio e junho, e só agora o primeiro está sendo construído, porque a impugnação da empresa atrasou a obra.", explica Sandro.

Entretanto, o biólogo Francisco Mourão, que é membro do Conselho Consultivo do Parque, lembra que os atrasos na construção dos aceiros têm sido recorrentes, e que embora a ausência deles não tenha interferido no caso deste último incêndio, a falta dos mesmos vem colocando outras áreas da unidade de conservação sob maior risco. O biólogo também conta que o Conselho Consultivo do Parque enviou, em 18 de julho, solicitação formal à presidência da Copasa para agilização dos trabalhos.

Para Maria Dalce Ricas, a Copasa deveria atuar muito mais na proteção dos mananciais em que capta água no Estado. Tanto nas áreas que lhe pertence, quanto nas de terceiros que abrigam os mananciais. Mas, segundo ela, não é isto que acontece.

"Um dos piores exemplos da ineficiência da Copasa é o manancial de Rio Manso. No que se refere à proteção das áreas de recarga e dos cursos d'água que alimentam o reservatório, sua ação é extremamente deficiente. Há um ano e meio, a Amda encaminhou correspondência à empresa denunciando o descaso com a área, verificado pela ausência de conservação das cercas de limites (permitindo a entrada de gado de terceiros), lançamento de grande quantidade de lixo (até embalagens de agrotóxicos), que se acumula em vários pontos do reservatório, caça, pesca e desmatamento. Até hoje a entidade não recebeu qualquer resposta da empresa. Situações como essa são comuns em vários outros mananciais", afirma a superintendente.



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