O Globo, Rio, p. 36 - 17/10/2014
Incêndio na Região Serrana destrói 2,6 mil hectares em dez dias
Secretário de Defesa Civil afirma que chamas serão extintas até domingo. Nesta quinta, fogo começou a perder força
Jaqueline Ribeiro e Caio Barretto Briso
RIO - Há dez dias com grandes trechos de mata em chamas, a região de Petrópolis já perdeu 2,6 mil hectares de área verde, o equivalente a 2,6 mil campos de futebol. Quatro helicópteros e aproximadamente 200 bombeiros atuam desde o início da semana no combate ao fogo, que somente nesta quinta-feira começou a perder força. Havia 20 focos de queimadas, e, agora, são oito, informou o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões. Ele sobrevoou a Região Serrana na tarde desta quinta-feira com o governador Luiz Fernando Pezão e garantiu que o incêndio será extinto até domingo. Apesar disso, Pezão disse ter ficado "assustado" com o que viu.
- É impressionante e assustador, nunca tivemos uma queimada como essa. Mais aeronaves chegarão à região nos próximos dias. Não mediremos esforços para resolver a situação - prometeu Pezão.
SITUAÇÃO NA SERRA DOS ÓRGÃOS É GRAVE
O combate ao fogo está concentrado na Reserva Biológica de Araras e em dois pontos próximos a residências em Secretário e Corrêas. No Parque Nacional da Serra dos Órgãos, a situação é grave devido ao terreno íngreme, o que dificulta a locomoção de bombeiros. Para piorar, um dos helicópteros usados na operação de combate ao fogo, emprestado pela Polícia Civil, teve uma pane elétrica. A aeronave se dirigia justamente para a região do parque que já teve 600 hectares de floresta destruídos. A maior preocupação na área é com as 3.683 espécies de fauna e flora.
- Aquele é o núcleo da biosfera da Mata Atlântica. É possível recuperar o dano? Muito difícil. Animais como anfíbios, pequenos mamíferos e répteis não conseguem fugir e acabam morrendo. É uma área de extrema importância biológica, que deveria ser melhor protegida - afirma Maurício Ruiz, diretor da ONG Instituto Terra de Preservação Ambiental.
Com o tempo seco, a falta de chuvas e a ausência de planejamento no combate ao incêndio florestal - para se ter uma ideia, até hoje não foi comprado um avião para substituir um monomotor do Corpo de Bombeiros que caiu em 2010, em Resende -, já houve quase mil registros de focos de chamas no Estado do Rio nas últimas duas semanas. Um quarto ocorreu na Região Serrana. A principal causa do problema continua sendo a ação do homem, afirmam especialistas.
- Um incêndio como esse, de Petrópolis, é desastroso para a biodiversidade, a atmosfera e o solo. A dimensão do desequilíbrio ambiental é incalculável - disse o engenheiro florestal Paulo Sérgio Leles, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
GOVERNO PROMETE INTENSIFICAR FISCALIZAÇÃO
A Secretaria estadual do Ambiente (SEA) informou que vai intensificar a fiscalização em áreas próximas a locais destruídos pelos fogo em Petrópolis. O responsável pela Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca) da secretaria disse não ter dúvidas de que os incêndios são criminosos.
- Pelas características da região, percebemos que não existem casos de combustão espontânea aqui. Sobrevoando a área, o que identificamos foram incêndios criminosos, que aparentemente começam nas propriedades rurais e, fora de controle, propagam-se para as matas. Mesmo que isso ocorra de forma incidental, ou seja, que o responsável não tenha tido esta intenção, trata-se de crime - afirmou Padrone.
Além de responder criminalmente, o responsável pelo incêndio recebe uma multa administrativa, no valor de R$ 1,5 mil, por hectare atingido. Se condenado na esfera criminal, ele pode ser obrigado a ressarcir o estado pelos custos empregados no combate ao fogo. As denúncias podem ser feitas ao Disque-Denúncia, nos telefones (21) 2253-1177 e 0300 253 1177 (para quem estiver fora do Rio), ou ainda pelo e-mail linhaverdedd@gmail.com.
O Globo, 17/10/2014, Rio, p. 36
http://oglobo.globo.com/rio/incendios-florestais-em-petropolis-na-regiao-serrana-destroem-26-mil-hectares-em-dez-dias-14265896
Mata Atlântica:Queimadas
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