Seringueiros que moram dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes estão sendo ameaçados de morte por exploradores ilegais de madeira. A denúncia é feita pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e Epitaciolândia, Rosildo Rodrigues de Freitas, através de fax enviado a todos os órgãos de comunicação da Capital e à superintendente do Ibama, Ideocleide Rodrigues.
A Reserva Extrativista Chico Mendes foi criada em 1990 através do decreto n.o 99.194. Tem uma extensão de 960 mil hectares e compreende os municípios de Rio Branco, Capixaba, Brasiléia, Assis Brasil e Sena Madureira. Cerca de 1.500 famílias vivem na área (9 mil pessoas).
No documento enviado à imprensa, Rosildo dá os nomes das pessoas que, segundo ele, estariam deixando um rastro de destruição dentro da reserva. São eles: João do Beija, José Ribamar, Jorge do Beija e Beija Sussuaranna. O quarteto seria responsável pelo desmate de 40 hectares de madeira nobre dentro da reserva.
Rosildo relata ainda o caso da agricultora Tereza Castro de Oliveira, residente no seringal Santa Fé, Colocação Nova Vida. A mesma teria sido espancada a mando do senhor João do Beija, por denunciar a derrubada de castanheiras e seringueiras dentro da sua colocação. O acusado teria pago R$ 50 para capangas realizarem o serviço.
Segundo Rosildo, o caso foi denunciado ao representante do Ibama em Brasiléia, à Superintendência do Ibama em Rio Branco, CNPT e até mesmo ao Ministério Público, mas até o momento nenhuma providência teria sido tomada. Por causa da surra a agricultora está sem condições de trabalhar para manter os 10 filhos. Outras famílias também estariam sendo vítimas de ameaças por parte dos denunciados.
Ibama investiga denúncia
A superintende do Ibama no Acre, Idelcleide Rodrigues, mandou apurar a denúncia feita pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia e Epitaciolândia. Segundo informações passadas pelo chefe do Posto do Ibama em Brasiléia, Antônio Rodrigues Kadoe, realmente foi registrado um alto de infração na região, mas não nas proporções denunciadas pelo sindicato.
Segundo investigou o Ibama, os acusados realmente realizaram um desmate na região, mas estavam autorizados. O delito é outro, e bem mais grave: eles derrubaram uma castanheira e queimaram uma seringueira. Espécies nativas protegidas pela Lei Ambiental.
Como os acusados não tinham documentos pessoais, mesmo tendo lavrado o auto de infração, o Ibama não expediu a multa. Para esse tipo de crime, a Lei Ambiental prevê uma multa de R$ 1.500 por hectare ou R$ 500 por membro cúbico.
Com relação as denúncias de ameaças de morte e agressão, Idelcleide Rodrigues disse que o Ibama pode até checar, mas o assunto tem que ser investigado por uma autoridade competente no assunto, no caso a polícia.
Ela afirma que o Ibama também se preocupa com a segurança das famílias que vivem na área. Para isso trabalha em conjunto com fiscais colaboradores, seringueiros e agricultores da região que ajudam a cuidar da região. O treinamento dos fiscais é realizado pelo Centro Nacional de Populações Tradicionais (CNPT), que também é responsável de receber todas as denúncias procedentes da área.
(Dulcinéia Azevedo-A Gazeta de Rio Branco-AC-17/01/02)
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