Comissão vai a Ilhabela avaliar crime ambiental
Assessores de deputado Luciano Zica também investigarão casos de nepotismo
Uma comissão de assessores do deputado Luciano Zica (PT) chega hoje a Ilhabela, litoral norte de São Paulo, para apurar denúncias sobre crime ambiental. O deputado, que é membro da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, ficou preocupado com a repercussão de reportagens do Estado sobre irregularidades nos Loteamentos Siriúba 1 e 2, publicadas desde o dia 23 de março.
Segundo laudo do Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN), além de alguns lotes estarem total ou parcialmente dentro do Parque Estadual de Ilhabela, há construções irregulares em Áreas de Proteção Permanente e de nascentes. A Ilhabela Imóveis, que tem como sócio o prefeito Manoel Marcos de Jesus Ferreira (PTB), é uma das principais imobiliárias que vendem terrenos nessa área.
Os assessores vão apurar ainda denúncias de nepotismo e outras irregularidades ambientais. "Se essas informações forem verídicas, vamos cobrar atitude dos órgãos competentes e questionar qual o encaminhamento o Ministério Público deu às denúncias", disse o assessor do deputado, Renato Alves Libanio. Segundo ele, Zica tem interesse em Ilhabela por ser um político com atuação na área ambiental e por ter o título de cidadão do município.
A comissão chega a Ilhabela dois dias depois de um evento realizado na Câmara da cidade em "solidariedade ao prefeito". O intuito do evento, que reuniu cerca de 400 pessoas, era "mostrar o apoio da população a Manoel Marcos, que vem sendo alvo de uma série de reportagens do Estado nas últimas semanas", segundo nota divulgada ontem pela assessoria de imprensa da Câmara Municipal.
A líder da manifestação, a moradora Sirlene Aparecida Messias de Lima, afirmou na tribuna que as reportagens, "sem fundamento, não passam de perseguição política contra a pessoa do prefeito". "Essas pessoas deviam procurar algo de útil para fazer ao invés de ficar denegrindo a imagem do nosso prefeito."
DEFESA
Três cartazes fixados no plenário da Câmara criticavam o jornal. Um deles dizia: "Jornal O Estado de S. Paulo trabalha por interesses políticos de grupos. Manoel Marcos, não". Vereadores classificaram o jornal como "imprensa marrom".
O prefeito não compareceu à sessão. Mas foi defendido pela líder de governo na Câmara, Nanci Peres de Araújo Zanato (PTB), e pelo presidente da Casa, Luiz Lobo (PL).
Os processos contra Ferreira não foram mencionados no protesto. O prefeito responde a um processo eleitoral, por suposto uso da máquina administrativa durante campanha em que concorria à reeleição. Segundo a denúncia, ele teria usado uma festa popular no Bairro do Portinho, no dia 18 de setembro do ano passado, para fazer um comício.
Em outro processo, ele é acusado de favorecer a empresa do seu concunhado, Alexandre Tallavassos Vassovínio, dono da Urbanizadora Serviobras. Três meses depois de assumir seu primeiro mandato, em janeiro de 2001, o prefeito recebeu um ofício em que a empresa de um irmão de seu concunhado cobrava da prefeitura uma dívida referente a contratos de dez anos atrás - alegados R$ 1.097.368,40, por obras de construção civil. A dívida de uma década foi paga em oito meses, com o aval de lei proposta pelo prefeito e aprovada pela Câmara. A Justiça avalia a legalidade da operação.
O prefeito foi procurado pela reportagem, mas, segundo sua assessoria, não estava na prefeitura ontem. A reportagem tentou também falar com o presidente da Câmara, que não foi encontrado.
OESP, 13/04/2005, p. C8
UC:Parque
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Ilhabela
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.