Vazamento de oleo diesel ameaca reserva no Rio

OESP, Cidades, p.C6 - 27/04/2005
Vazamento de óleo diesel ameaça reserva no Rio
Trem descarrila e 60 mil litros atingem casas e rios perto da Região dos Lagos
Clarissa Thomé
A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela Companhia Vale do Rio Doce, foi multada em R$ 5 milhões por órgãos ambientais pelo vazamento de 60 mil litros de óleo diesel. O derramamento ocorreu após um trem descarrilar em Porto das Caixas, no Grande Rio, na madrugada de ontem. O combustível invadiu o terreno de cerca de 30 casas, alcançou os Rios Aldeia e Casseribu, este considerado o mais preservado entre os que deságuam na Baía de Guanabara, e ameaça chegar à Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim.
O trem com 18 composições - 7 com 60 mil litros de combustível cada - partiu de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com destino a Campos, no norte fluminense. Ao passar por Porto das Caixas, as composições descarrilaram, quatro chegaram a tombar. O acidente ocorreu às 4h30 e não deixou feridos.
Mas os órgãos ambientais informaram que só foram avisados às 8 horas. "Nosso centro de controle fez os acionamentos necessários", afirmou o gerente-geral de Previsão de Risco da empresa, José Geraldo Azevedo.
Ao tombar, um dos vagões rasgou a composição que levava 60 mil litros de óleo diesel da Ipiranga. O combustível deixou uma mancha vermelha de 12 quilômetros de extensão no Rio Casseribu. "Sua nascente fica em Cachoeiro de Macacu e recebe pouca poluição. O rio desemboca na área mais conservada da baía, na APA", disse o chefe da reserva de Guapimirim, Breno Herrera.
A preocupação dele é que a mancha alcance a APA. "Há trechos de remanescentes de mangue primário, vegetação que está ali desde antes da ocupação portuguesa", disse Herrera. O manguezal é área de reprodução de várias espécies de peixes. Barreiras foram instaladas a cerca de 100 metros da APA e caminhões de sucção estavam a postos para o caso de a mancha chegar até a área.
Intoxicação
O cheiro forte de óleo tomou conta da área no entorno do acidente. Moradores foram proibidos de cozinhar, por causa do risco de incêndio. Idosos e crianças tiveram princípio de intoxicação e algumas famílias deixaram suas casas. Eunice Limeira, de 27 anos, saiu com o filho de apenas 28 dias. "Desde as 4 da manhã o cheiro está insuportável. Ele já não consegue respirar."
A dona de casa Maria José Serrano da Silva, de 59, e a neta, Adrieli, de 8, foram retiradas da área num carro da FCA. A empresa forneceu leite para amenizar os efeitos da intoxicação. Adrieli queixava-se de enjôo, dor no estômago e ardência nos olhos.
A FCA não soube informar a causa do acidente. Até o fim da tarde, ainda havia vagões tombados e descarrilados. A empresa foi multada em R$ 4 milhões pelo Conselho Estadual de Conservação Ambiental (Ceca) e em R$ 1 milhão pela Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla).
OESP, 27/04/2005, p. C6
UC:APA

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