CB, Cidades, p. 26 - 01/06/2007
Número de incêndios quadruplica
Cerca de 50 hectares do Parque Nacional de Brasília foram queimados, na tarde de ontem, até que o fogo fosse controlado pelo trabalho conjunto de funcionários do Corpo de Bombeiros e do Ibama
Jorge de Castro
Da equipe do Correio
Um incêndio atingiu a parte sul do Parque Nacional de Brasília, às 13h de ontem. O fogo queimou 50 hectares da reserva (o equivalente a uma área de aproximadamente 100 campos de futebol) e demorou três horas e meia para ser controlado. Participaram da operação 35 homens do Corpo de Bombeiros e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A grande extensão da área queimada impressiona, mas a dimensão do problema é superada pelo enorme número de ocorrências de incêndio florestal no Distrito Federal registradas este ano. De janeiro até ontem, foram 1.179 ocorrências. O número é 272% maior que o do ano passado, quando o Corpo de Bombeiros atendeu 316 casos de incêndio no mesmo período.
O aumento fica mais assustador se a comparação for relativa apenas ao mês de maio. Em 2006, foram 168 focos de incêndios florestais no mês. Neste ano, o número pulou para 725 casos, um acréscimo de 330%. Segundo o major do Corpo de Bombeiros Rogério Santos Soares, a maior causa para o aumento foi o período de estiagem, que este ano começou mais cedo. "O clima em todas as regiões do país está mudando e aquecendo cada vez mais. Esse é um fator que contribuiu para isso", explica o major. O início das queimadas, segundo o militar, normalmente é em junho, tendo o ápice em agosto e setembro.
Para controlar o fogo no Parque Nacional, os brigadistas e militares utilizaram um processo chamado contra-fogo. "Nós queimamos uma faixa de mata para conter o avanço do incêndio. Com a mata queimada, o fogo não tem como se alastrar ainda mais. Se não fizéssemos isso, por causa do vento forte e seco, o fogo ia consumir boa parte do parque", explica o gerente de fogo do Parque Nacional de Brasília, Emanuel Henrique Pires.
Segundo ele, foram gastos 11 mil litros de água pelos 10 homens do Ibama que trabalharam no combate ao incêndio. Além deles, outros 25 militares e sete viaturas dos Bombeiros complementaram o serviço. "Muitos moradores daqui da Granja do Torto utilizam algumas das trilhas para fazer caminhadas e entrar no meio do mato, colocando fogo ou deixando pontas de cigarro acesas. Há pessoas que, infelizmente, sentem prazer em pôr fogo na mata", lamenta Henrique.
Segundo ele, as labaredas atingiram até 4m de altura, e podiam ser vistas até do final da Asa Norte, onde fica o 4ª Batalhão de Incêndio/ Florestal do Corpo de Bombeiros. "O tempo frio e seco faz com que a vegetação se desidrate muito. Com isso, o capim seco propaga ainda mais o incêndio", conta ele.
Segundo os Bombeiros, os principais focos de incêndios acontecem na beira de estradas e próximos às chácaras rurais. "Muitos chacareiros utilizam as queimadas para limpar o terreno e acabam perdendo o controle do fogo, atingindo outras propriedades", diz Rogério.
As reservas ecológicas do Distrito Federal são as áreas com maior risco de incêndios. Segundo Rogério, o Parque Nacional e a reserva do Jardim Botânico de Brasília, onde, em setembro de 2005, um incêndio criminoso queimou 80% da cobertura natural de cerrado da área, são as principais regiões em risco.
Comparação
1.179 ocorrências foram atendidas pelos bombeiros em 2007, de janeiro até ontem
316 casos foram registrados no mesmo período do ano passado
CB, 01/06/2007, Cidades, p. 26
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