CB, Cidades, p. 29 - 12/07/2007
Incêndio em Águas Emendadas
Fogo começou no terreno vizinho e destruiu 600 hectares de cerrado e mata. Metade da área atingida está na reserva que abriga a Lagoa Mestre D' Armas, a maior do DF
Morillo Carvalho
Da equipe do Correio
No lugar do cerrado e da mata verde, cinzas e muita destruição. A Estação Ecológica Águas Emendadas, em Planaltina, teve 300 dos seus 10.547 hectares destruídos pelo fogo na tarde de ontem. Por volta das 11h, um morador vizinho à estação ecológica pôs fogo no mato de sua propriedade. Favorecido pelo clima seco e a estiagem no cerrado, o fogo se alastrou e atingiu 600 hectares na região - metade em Águas Emendadas. A área total atingida pelo fogo corresponderia a 3.996 campos de futebol do tamanho do Maracanã.
A estação abriga a maior lagoa natural do DF, a Lagoa Mestre D'Armas. Ela é a nascente do córrego que leva o mesmo nome, sendo ele um dos responsáveis por abastecer o Rio São Bartolomeu. Este, por sua vez, é parte da Bacia do Rio da Prata, cuja foz fica em Buenos Aires, na Argentina.
O alastramento do fogo só não foi maior porque os bombeiros estavam por perto e puderam começar o combate na mesma hora. Eles faziam um procedimento de prevenção no local denominado "contra-fogo" - uma pequena faixa de mata de aproximadamente 20 metros é incendiada, entre a estrada e a cerca da estação ecológica. "Dessa forma, evitamos que pontas de cigarro provoquem incêndios grandes, pois se o motorista for irresponsável e atirar a ponta na área, a cinza que resta no chão não permite que o fogo se alastre", explica o capitão Alan José Natal Rajão, oficial supervisor de serviços do Corpo de Bombeiros do DF. Ele comandou as operações de combate ao incêndio.
De acordo com Rajão, foram necessários 45 homens para controlar o fogo. Eles usaram cinco caminhonetes, seis caminhões-pipa de cinco mil litros cada e um helicóptero com equipamento capaz de atirar 500 litros de água no fogo. Por volta das 17h, os bombeiros já consideravam o incêndio controlado e, perto das 19h, completamente extinto.
Além dos bombeiros, funcionários da estação ecológica ajudaram no combate às chamas, com abafadores e bombas costais (espécies de mochilas que armazenam 30 litros d'água e são acompanhadas por um esguicho). "É muito triste. A gente trabalha o ano todo para evitar isso, e de uma hora para outra, acontece", lamentava Jadir Fransino da Silva, 67, funcionário da estação há seis. Águas Emendadas não registrava ocorrências de incêndios há três anos.
Nos próximos 15 dias, o Corpo de Bombeiros vai fazer uma perícia na estação e nas demais áreas atingidas para apurar responsabilidades. Os bombeiros comprovaram que o fogo começou em chácara vizinha, mas o autor do incêndio não foi identificado. Foi registrada uma ocorrência na 16ª DP (Planaltina). Se for comprovada a intenção de provocar o desastre ecológico, o autor pode responder por crime ambiental. De acordo com a Lei no 10.312/90, é proibido o uso de fogo e a prática de qualquer ato, ação ou omissão que possa ocasionar incêndio florestal. Os bombeiros alertam que o uso do fogo para queimadas só é permitido quando autorizado pela corporação, por meio do telefone 193.
Cinturão ecológico
Segundo a geógrafa Maria Izabel da Silva Magalhães, a estação ecológica de Águas Emendadas é o habitat de tamanduás, tatus, capivaras e gaviões. Junto com o Jardim Botânico e o Parque Nacional, Águas Emendadas é parte do cinturão de preservação ambiental no DF. Além de abrigar o cerrado, a estação ainda tem áreas de matas de galeria e veredas. O fogo tomou conta, na maior parte, do cerrado,que se reconstitui rapidamente, mas outras espécies de vegetação também foram destruídas parcialmente - e a recuperação delas leva muito mais tempo. A geógrafa desenvolve atividades pedagógicas na Estação, como programas de formação continuada em educação ambiental para professores da rede pública e atendimento em trilhas monitoradas a estudantes de todas as idades.
CB, 12/07/2007, Cidades, p. 29
UC:Estação Ecológica
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