Poder público, ONG e empresa unem competências e investem em projetos de implementação de infra-estrutura em unidade de conservação na região amazônica
No próximo dia 30 de novembro, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), em parceria com a organização não-governamental Conservação Internacional (CI-Brasil), a empresa Alcoa Alumínio S.A. e a Fundação Alcoa, inauguram as estruturas para visitação no Parque Nacional (Parna) da Amazônia, em Itaituba, sudoeste do Pará. Este é o resultado das ações executadas pelo MMA, no âmbito do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur), e de uma parceria entre CI-Brasil e Alcoa, que começou em 2004 e foi ampliada em junho deste ano, por meio do Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Amazônia. Entre as ações do Proecotur que visam à estruturação do Parna da Amazônia, além da Trilha Interpretativa recém implantada, estão a elaboração da Estratégia de Uso Público para o parque, projeto que se encontra em andamento, e a realização de um curso de capacitação de monitores ambientais locais, com foco em ecoturismo, que preparará as pessoas interessadas das comunidades do entorno para o acompanhamento dos visitantes dentro e fora da UC.
De acordo com o secretário Egon Krakhecke, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, onde está vinculado o Proecotur, "...essas iniciativas visam criar as condições necessárias para que o Parque possa cumprir sua função como vetor para a promoção do ecoturismo e como alternativa econômica para o desenvolvimento sustentável local. Além disso, o Parna da Amazônia está inserido no Programa de Promoção da Visitação dos Parques Nacionais, desenvolvido em parceria que integra ICMBIO, MMA, Ministério do Turismo e Embratur".
Em três anos, o apoio ao Parque Nacional da Amazônia reuniu um investimento de 540 mil reais, destinados a um amplo programa que envolveu ações de levantamento da fauna e flora no parque, inventários biológicos, visando a atualização do plano de manejo, reestruturação do conselho consultivo e equipamentos de geoprocessamento. No escopo da parceria CI-Alcoa, o apoio ao Parna da Amazônia envolveu ações de comunicação e educação ambiental para promover a aproximação da população local com o Parque, com atividades de capacitação, produção de material didático enfocado na biodiversidade da unidade e mobilização de lideranças comunitárias, educadores, comunicadores, gestores públicos e outros atores locais.
Essa iniciativa resultou na criação da Associação dos Amigos do Parque Nacional da Amazônia (Amiparna), que pretende dar continuidade ao relacionamento entre a unidade e as comunidades vizinhas, bem como identificar e viabilizar alternativas econômicas sustentáveis para a população. Maria Lúcia dos Santos, presidente da Amiparna, afirma que os resultados das ações realizadas pelas instituições envolvidas são de extrema importância e muito positivos. "Hoje a população local conhece o parque e o comprometimento da sociedade está cada vez maior com ele. O próximo passo da associação é trabalhar para formalizar novas parcerias visando realizar as outras ações prioritárias existentes no planejamento participativo realizado", explica Maria Lúcia.
Novas estruturas
O Parna da Amazônia, criado em 1974, foi o primeiro parque nacional criado na Amazônia, na época da abertura da Transamazônica, principal acesso ao local. A primeira área de proteção integral instituída na região possui 1.161.864 ha e está localizada às margens do rio Tapajós. O Mirante e a Trilha Interpretativa do Rio Tapajós representam o início da estruturação da visitação no Parque, que contará, em um futuro próximo, com um Centro de Visitantes, outras trilhas estruturadas e uma série de atividades que serão disponibilizadas aos visitantes.
A Trilha Interpretativa do Rio Tapajós tem 2.600 metros de extensão, conta com uma série de placas contendo textos de interpretação do ambiente natural, além de sinalização e equipamentos espalhados pelo trajeto (degraus, bancos, deques e passarelas), que têm o objetivo de minimizar os impactos à trilha e dar maior segurança ao visitante. A trilha é auto-guiada (pode ser percorrida sem a necessidade de um guia), mas um grupo de moradores locais participou de palestras, sobre o Parque, ministradas pela Amiparna para atuar nos casos de visitas monitoradas, como por exemplo, para o acompanhamento de grupos escolares. Além disso, esta previsto um curso de capacitação através do MMA.
O Mirante foi construído em uma área de 62 metros quadrados, com vista privilegiada para o rio Tapajós, e conta com dois sanitários e espaço para pequenos eventos.
"Estamos criando uma estrutura voltada principalmente a atender a população de Itaituba, para que ela possa conhecer, desfrutar e valorizar o parque", explica o chefe da unidade, Márcio Ferla. O Parque é uma das áreas protegidas mais ricas em espécies de aves do mundo, sendo bastante visitada por turistas estrangeiros que têm o hobby de observar pássaros. Entre a diversidade de animais presentes na região Tapajós-Madeira, há espécies endêmicas - que são encontradas somente naquela região - tais como a mãe-de-taoca-arlequim (Rhegmathorina berlepschi), uma bonita ave encontrada em sub-bosques da floresta e que segue marchas de formigas-de-correição, e dois pequenos primatas conhecidos como sagüi-de-santarém (Mico humeralifer) e sagüi-de-maués (Mico mauesi). Além disso, há registros comprovados de populações de espécies ameaçadas de extinção, tal como a ararajuba (Guarouba guarouba), que depende de extensas florestas para a sua sobrevivência.
Mais incentivos
O Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Amazônia, lançado em 2007, terá a duração de cinco anos e receberá R$ 2 milhões das instituições parceiras. Nesse período, o investimento previsto é de R$ 400 mil anuais, advindos de aportes iguais da Fundação Alcoa e da CI-Brasil. O programa está aberto a contribuições de outras instituições. Pretende-se, até 2012, criar um fundo no valor estimado de R$ 60 milhões para proteger e viabilizar o funcionamento das unidades de conservação na região onde se insere o Parque Nacional da Amazônia.
O Programa será um reforço complementar significativo ao trabalho do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que pretende avançar dos atuais 20 milhões para 30 milhões de hectares de áreas protegidas na região, também nos próximos anos.
José Maria Cardoso da Silva, vice-presidente da América do Sul da Conservação Internacional, explica que a parceria com a Alcoa não é por acaso. "Sabemos que a companhia valoriza a biodiversidade e trabalha em favor da sustentabilidade. A iniciativa partiu da própria empresa. Com os trabalhos realizados no Parque, percebemos que, se apoiarmos os gestores das unidades de conservação e a população local com informações, capacitação, recursos técnicos e financeiros, é possível mudar comportamentos e, em pouco tempo, criar um movimento positivo em prol da conservação da biodiversidade na região", explica.
Nilson Souza, vice-presidente de Produtos Primários da Alcoa América Latina, afirma que a parceria com a Conservação Internacional confirma que a empresa procura, ao implantar sua atividade em um dado local, desenvolver um trabalho com as organizações e as pessoas com experiência nessa região. O aprendizado tem que ser feito em conjunto, afirma Souza.
De acordo com o gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da Alcoa Mina de Juruti, Mauricio Macedo, faz parte dos objetivos da companhia apoiar a valorização do uso sustentável dos recursos naturais. "A implementação efetiva das unidades de conservação que serão beneficiadas pelo Programa de Conservação é um dos maiores legados que podemos deixar para a sociedade amazônica", afirma.
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