Seringueiro José faz arte da borracha para ajudar a salvar a grande floresta

Kaxiana - Agência de Notícias da Amazônia - 11/01/2008
Ele encanta a todos por onde passa, seja nas cidades ou na floresta. Com seu jeito simples de seringueiro, fala mansa, sem pressa, José Rodrigues Araújo, 35 anos, mais conhecido como "Doutor", carrega consigo atrativos que chamam muita atenção das crianças, dos jovens, dos adultos e dos idosos que vêem a sua arte.

São bonecos, sandálias, sapatos, bandeiras, chapéus, chaveiros e outros objetos do dia a dia das pessoas que Doutor faz com muita arte e maestria a partir da borracha produzida em sua colocação, no seringal São Francisco, dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes, na selva da fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia.

Até 2004, Doutor era apenas mais um seringueiro dos milhares existentes no Acre que trabalham no extrativismo da borracha e da castanha protegendo a floresta e as riquezas naturais nela existente. Mas eis que em 2005, ele foi até a cidade de Assis Brasil, fronteira com Iñapari, no Peru, e fez um curso de Folha Defumada Líquida (FDL), administrado por professores e técnicos da Universidade de Brasília com apoio do Ibama de Rio Branco.

Com isso, Doutor aprendeu a fazer a folha fumada a partir da borracha, que já teve uma produção significativa no Acre e era vendida até para a Michelin fazer pneus de carro de Fórmula 1, tal é a excelente qualidade da borracha chamada "Acre-Fina", que apresenta uma das maiores índices de elasticidades em todo o mundo.

Formado em FDL, Doutor não se limitou a produzir apenas a folha fumada. Em vez de vender a folha, jogou arte em cima dela e passou a fazer, e tamanho normal e em miniaturas, tudo que via no seringal e nas cidades por onde passava. Acompanhado do filho mais velho Raimundo Nonato, que também está virando artista da floresta, Doutor começou a mostrar seus objetos de arte de borracha em Assis Brasil e nas cidades vizinhas. Depois, chegou em Rio Branco e expôs na Feira Panamazônia, que reúne anualmente tudo que se está produzindo de novidades nos estados e países amazônicos.

"Depois da feira, me fizeram tantas encomendas que está difícil atender os pedidos", diz Doutor, seringueiro desde os 12 anos, que está sendo procurado por consumidores do Tocantins, São Paulo, Brasília e outras cidades do Centro-Sul, todos interessados em dispor e até a vender seus objetos de arte de borracha pelo Brasil afora.

Segundo Doutor, a procura de seus objetos de borracha está tão elevada que ele começou a incentivar os seringueiros vizinhos para também produzi-los. "Meu sonho já é fazer uma pequena indústria lá dentro do seringal", afirma o Doutor e artista da floresta, já antevendo que a sua nova atividade comercial também já é um meio de dar condições para que os seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes continuem protegendo a floresta.

"Se eu desmatava para fazer um roçado, hoje eu não derrubo mais uma árvore. E quero que o meu povo, lá do seringal São Francisco, também pare de fazer desmatamento. Quero parar com toda a derrubada lá na minha região", ensina Doutor, que já tem viajado para várias cidades brasileiras mostrando e vendendo a arte pura e bela que vem lá do interior da grande floresta amazônica. Quem estiver interessado na arte de Doutor entre em contato com a Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes pelo telefone: (68) 35481051.
UC:Reserva Extrativista

Unidades de Conservação relacionadas

  • UC Chico Mendes
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.