Como bem vem demonstrando a série de reportagem que estamos publicando na Kaxiana sobre o que está acontecendo no antigo seringal Cachoeira, em Xapuri, no Acre, o uso múltiplo sustentável dos recursos da floresta pode ser a grande saída para a Amazônia parar de ser destruída a cada ano que passa e gerar produtos capazes de multiplicar por várias vezes o seu Produto Interno Bruto (PIB).
Ali, no antigo seringal onde viveu e lutou o líder sindical e ecologista Chico Mendes, os seringueiros simplesmente já dispõem de uma renda mensal de mais de R$ 1.300,00, quando no passado, seus pais e avós, para ganhar esse valor, tinham de trabalhar o ano inteiro. Ou seja, os seringueiros atuais multiplicaram por nada menos que 12 vezes o que seus antepassados ganhavam produzindo apenas borracha e castanha.
Essa fantástica multiplicação de renda na Amazônia está sendo possível porque as mais de 80 famílias de seringueiros do Cachoeira se transformaram nos últimos três anos em manejadores da floresta, produzindo, além de borracha e de castanha, madeira, açaí e animais silvestres, desfrutando também de mais uma renda nova proveniente da recém inaugurada pousada ecológica do seringal, que vem atraindo a atenção de turistas do mundo inteiro que querem conhecer a floresta, principalmente o lugar onde Chico Mendes viveu por muitos anos.
Os seringueiros puderam se transformar em manejadores da floresta graças a ação do governo acreano, que está consolidando na região do Vale do Acre um parque industrial com nova filosofia: a de apostar nas riquezas da floresta. O parque é formado de fábricas de preservativos, de tacos e decks, de frangos e um pouco mais distante, em Assis Brasil, na tríplice fronteira entre o Brasil, Peru e Bolívia, de produção de belos móveis de bambu ou taboca, aproveitando essa matéria-prima muito abundante na floresta daquela região acreana.
O resumo desta bela ópera amazônica, com viés de grande sucesso econômico, social e ambiental, ocorre, portanto, com a parceria do estado com segmentos populacionais da floresta, que sempre foram os grandes guardiões da Amazônia e impediram que ela viesse abaixo a muitas décadas atrás. No seringal Cachoeira, o que ocorre é o governo entrando como financiador de um parque industrial que valoriza a floresta, agregando valor às suas riquezas naturais e gerando mais renda e mais empregos para que suas populações continuem com a sua nobre missão de dela cuidar bem.
O governo entra como empreendedor porque a esmagadora maioria do empresariado que vai para o Acre ou qualquer outra região da Amazônia só se interessa pelo lucro imediato, seja criando gado, plantando soja e produzindo biocombustíveis ou outros produtos, que resultam sempre na destruição da floresta, responsável hoje por mais de 70% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil. A rigor, empresário algum que chega na Amazônia tem apostado no uso múltiplo sustentável dos recursos florestais.
No caso do Acre, que tem um governo compromissado com a preservação florestal, registre-se que o Estado teve que entrar no negócio porque até os próprios povos da floresta estavam partindo para derrubá-la a fim de criar gado. Isso é o que vinha ocorrendo, por exemplo, com os milhares de seringueiros da Reserva Extrativista Chico Mendes, de quase um milhão de hectares, que estavam abandonando a produção de borracha e de castanha para desmatar e fazer pasto para criar gado. E é isso que pode acontecer no futuro com os índios, ribeirinhos e outros povos tradicionais de várias partes da Amazônia, que de tão pobres, famintos e esquecidos em que se encontram hoje, podem começar a destruir a floresta para sobreviver.
Esse exemplo do Acre, de muito bom senso e na hora em que o mundo se preocupa em salvar a maior floresta tropical do mundo, poderia ser ampliado para o restante da Amazônia, que está fadada à destruição, cedo ou tarde, se não forem dados para o povo que nela habita alternativas econômicas sustentáveis capazes de provar ao mercado que a floresta vale muito mais em pé do que deitada. E isso os seringueiros do Cachoeira estão mostrando, multiplicando por várias vezes a sua renda produzindo borracha, castanha, madeira, ecoturismo, frutas e animais silvestres. Além disso, no futuro, também podem vir a produzir comunitariamente - caso o governo assim os incentivem - sementes, resinas, essências, cosméticos, fármacos e outros produtos oriundos de matérias-primas da floresta, que poderiam, além de salvar a Amazônia, multiplicar por várias vezes o PIB local, regional e até nacional.var ao mercado que a floresta vale muito mais em pé do que deitada. E isso os seringueiros do Cachoeira estão mostrando, multiplicando por várias vezes a sua renda a partir da produção de borracha, castanha, frutas e animais silvestres. Além disso, no futuro, também podem vir a produzir comunitariamente " caso o governo assim os incentivem " sementes, resinas, essências, cosméticos, fármacos e outros produtos oriundos de matérias-primas da floresta, que poderiam, além de salvar a Amazônia, multiplicar os PIBs local, regional e nacional.
UC:Reserva Extrativista
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