O Globo, Rio, p. 22 - 03/08/2008
Proteção para a natureza da Região dos Lagos
Estado poderá criar primeiro parque segmentado do país, para preservar 27 ecossistemas em sete municípios
Marina Gonçalves e Paulo Roberto Araújo
Surgiu uma chance de preservar o que ainda resta de florestas, dunas, lagoas, praias, sambaquis, brejos, ilhas e restingas na Região dos Lagos. Já está em análise no Instituto Estadual de Florestas (IEF) o projeto de criação do Parque Estadual da Costa do Sol, com 5.700 hectares (o equivalente a cinco mil campos de futebol). O objetivo é proteger integralmente 27 ecossistemas na região entre Saquarema e Cabo Frio, que há anos vem sendo degradada pela especulação imobiliária e por invasões, principalmente na Área de Proteção Ambiental (APA) de Massambaba, em Arraial do Cabo.
Se o projeto for aprovado, o Rio terá o primeiro parque segmentado do Brasil.
De autoria do Consórcio Intermunicipal Lagos-São João (CILSJ), a proposta inclui a criação de um grande circuito turístico voltado para o meio ambiente. Pelo projeto, o parque começa em Saquarema, na Reserva de Jacarepiá, e vai até a APA do Pau-Brasil, que se espalha por Cabo Frio e Búzios.
Parque teria co-gestão de sete prefeituras
O projeto foi entregue ao presidente do IEF, André Ilha, que disse estar estudando a possibilidade de criar um único parque ou duas ou mais unidades. De acordo com a proposta inicial, o parque será implantado pelo estado, com co-gestão das sete prefeituras envolvidas.
- Examinamos o material, e a proposta é minuciosa e bem embasada. O IEF vai trabalhar no sentido de materializar, pelo menos em parte, o projeto do CILSJ - disse Ilha.
Ele ressaltou que a prioridade na região é a Restinga de Massambaba: o local, que tem muitos animais e espécies vegetais ameaçados de extinção, sofre com as invasões. Em vários trechos, construções irregulares estão próximas das praias, em áreas de dunas.
Segundo o biólogo Mário Flávio Moreira, coordenador de Projetos do CILSJ, a idéia de criação do parque é resultado de experiências de outros países. Elas mostram que, sem parques e sítios históricos estruturados, não se alavanca o turismo. Moreira explicou que, apesar de muitas áreas existentes na região se encontrarem em APAs, elas não são consideradas de proteção
integral. Ele cita o exemplo das dunas de Cabo Frio que, mesmo sendo preservadas, têm loteamentos.
Unidade teria direito a receber verba do petróleo
Com parque, cinturão verde protegeria a Lagoa de Araruama
A criação do parque garantiria a proteção integral dos ecossistemas e, além disso, recursos. Por estar no litoral, de frente para a Bacia de Campos, a unidade poderia receber, com base na legislação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, 0,5% dos investimentos feitos em instalação de plataformas de petróleo.
De acordo com o presidente da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Luiz Firmino, todas as áreas têm um ponto em comum: fazem parte do ecossistema de restinga do entorno da Lagoa de Araruama. Biólogo marinho e oceanógrafo, Cláudio Michael Volcker acha complicado o gerenciamento e a fiscalização de várias unidades de conservação em municípios diferentes.
- A união de todas as unidades num grande parque facilita a gestão. Com a aprovação do projeto, a Lagoa de Araruama seria protegida por um grande cinturão verde - disse Volcker, que preside a ONG Organização Para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), com sede em Araruama.
O Globo, 03/08/2008, Rio, p. 22
UC:Parque
Unidades de Conservação relacionadas
- UC Massambaba
- UC Pau Brasil (APA)
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.