Parque do Desengano recebe mais 800 hectares

Parque do Desengano recebe mais 800 hectares
Área anexada faz parte do Morro da Itaoca, em Campos, com espécies raras de flora e fauna diversificada

Paulo Roberto Araújo

Uma ilha de biodiversidade, coberta por vegetação de Mata Atlântica e cercada por canaviais, pode ficar livre da degradação ambiental. O Instituto Estadual de Flores (IEF) está finalizando os estudos para incluir os 800 hectares do Morro da Itaoca, em Campos, nos limites do Parque Estadual do Desengano. Situado a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, o Maciço do Itaoca é uma ramificação da Serra do Mar constituída por sete picos, tendo o mais alto 414 metros de altitude.
Embora isolado do parque estadual, a nova unidade de conservação será interligada ao Desengano através das faixas marginais de proteção do Rio Ururahy e da Lagoa de Cima, formando um corredor florestal que garantirá o fluxo e a dispersão de recursos genéticos da flora e da fauna da região. A fauna, apesar de bastante ameaçada, é variada, com destaque para preguiças, cachorros-do-mato, capivaras, macacos-prego e pacas.
- A ampliação do parque será pequena em termos de área, mas altamente significativa do ponto de vista de diversidade biológica - explicou o presidente do IEF, André Ilha.
Segundo o engenheiro florestal Paulo Schiavo, vice-presidente do IEF, Itaoca abriga espécies raras e endêmicas, como as bromélias Alcantharea sp e Pitcarnia sp e a violeta Sinningia pusilla, dentre outras estudadas por instituições como o Jardim Botânico, a Universidade Estadual do Norte Fluminense e a UFRJ.
O presidente da Feema, Axel Grael, explicou que duas pedreiras funcionam no maciço e que a Feema emitiu outra licença, para atividade de uma nova pedreira de onde vão sair as pedras que serão usadas no enrocamento do Porto do Açu:
- Na realidade, a licença foi concedida para que a atividade mineral seja completamente extinta, em no máximo dois anos, em todo o maciço. As pedreiras assumiram o compromisso de recuperar ambientalmente as áreas já degradadas.
Segundo André Ilha, a anexação de Itaoca ao parque atende aos anseios de pesquisadores, de ambientalistas e da sociedade civil. A área protegida poderá ainda ser aproveitada para atividades turísticas e esportivas como escaladas e vôo livre.

O Globo, 07/09/2008, Rio, p. 26

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