Mais de 500 pessoas foram impedidas de visitar áreas interditadas e pelo menos 30 foram retiradas de locais fechados à visitação no Parque Nacional (Parna) da Chapada dos Guimarães durante a semana do carnaval. Os agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em conjunto com os do Ibama, também autuaram quatro empreendimentos por infrações ambientais e notificaram outros quatro para apresentar documentação comprobatória de licenciamento tanto para funcionamento como para construções no interior da unidade.
A Operação Carnaval 2009 ocorreu entre os dias 21 e 25 de fevereiro a fim de impedir o acesso de turistas aos pontos interditados do Parna e identificar infratores ambientais. As quatros autuações geraram multas que ultrapassam os R$ 700 mil. Vários locais, como o Circuito das Cachoeiras, a cachoeira Véu de Noiva e a Cidade de Pedra, estão interditados desde o ano passado por não oferecem segurança aos visitantes. Nessas áreas, grandes blocos de pedra podem desabar e pôr em risco a vida dos visitantes. Em abril de 2008, um bloco do paredão da cachoeira Véu de Noiva desabou, durante um feriado, e feriu gravemente várias pessoas, matando uma delas.
Os gestores do Parna informam que no Circuito de Cachoeiras e na Cidade de Pedra, há também risco de desmoronamento de grandes blocos. Os cerca de 40 quilômetros de extensão de paredões do parque nacional é constituído de rochas de arenito e com grandes possibilidades de desabamentos. Pedras soltas e outros tipos de problemas que podem gerar os derruimentos foram detectados nos pontos mais altos da região, os quais são muito procurados pelos visitantes por oferecerem uma bela e abrangente visão das veredas e do cerrado, que compõem a paisagem cênica do vale do rio Claro.
Os turistas, segundo informa o chefe do Parna, Cecílio Vilabarde Pinheiro, buscam o local para ter uma visão ampla do vale. A cena privilegiada possibilita visualizar até Cuiabá no horizonte, além das formações rochosas em forma de ruínas da Cidade de Pedra: uma região marcante pela visão dos paredões recortados e pelas formações rochosas."Contudo, os arenitos são rochas muito frágeis que se partem com facilidade, como o nome diz, o componente principal é a areia", explica Pinheiro. Essa área, segundo ele, é a preferida dos visitantes que acessam até a borda dos paredões.
Os desabamentos são fenômenos naturais na região e típicos das formações rochosas da Chapada dos Guimarães. "Recentemente, houve um desabamento na região do rio Claro, próximo à Cidade de Pedra, e outro na localidade do Portão do Inferno - um cânion profundo sobre o qual há um viaduto da rodovia MT-251. Além disso, pequenos desmoronamentos são comuns na região. As rochas soltam-se com freqüência em pequenos blocos, mas os pequenos desabamentos passam desapercebidos", avisa o chefe da unidade.
O Rio Paciência, por sua vez, foi interditado para recuperação das áreas degradadas. Segundo Pinheiro, durante o período da fiscalização, a equipe encontrou rastros de bicicleta nas trilhas e concluíram que antes do carnaval algumas pessoas acessaram os locais proibidos.
Cerca de 30 pessoas que entraram na unidade sem autorização e acessaram as áreas interditadas foram obrigadas a saírem do parque. Pinheiro disse que a rodovia estadual Emanuel Pinheiro, MT-251, que liga a cidade de Chapada dos Guimarães a Cuiabá, é um fatores que facilitam a entrada clandestina de pessoas no Parna: "Ela corta o parque do quilômetro 26 até o 52, ou seja, 26 quilômetros margeiam o parque", afirma.
Além da estrada, o parque fica a 10 quilômetros de Chapada dos Guimarães e a 26 da cidade de Cuiabá. A proximidade com as duas cidades faz com que a população de Cuiabá e região busque a unidade de conservação e a cidade de Chapada dos Guimarães para descanso e lazer, sobretudo, nos fins de semana e nos feriados.
"A cidade de Chapada dos Guimarães é típica de veraneio. Trata-se de um local com clima mais agradável, ameno. Ela é muito procurada para descanso de fim de semana, férias, além de ter um carnaval tradicional. Além disso, fica a 62 km de Cuiabá. Esse percurso, em dias normais, é feito em média em 50 minutos. Nos fins de semana, o fluxo de veículos aumenta consideravelmente", diz Pinheiro.
Na avaliação do chefe do Parna, a Operação Carnaval foi eficiente, principalmente, porque as equipes do ICMBio e do Ibama se anteciparam à chegada dos visitantes aos locais fechados e, assim, puderam avisar a todos sobre as regras de uso e os motivos de fechamento de algumas áreas do parque.
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