O Cerrado apresenta extensas áreas sem registros satisfatórios de sua avifauna. A Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, é uma exceção nessa regra. Além de possuir bons inventários históricos, ainda guarda enormes áreas de vegetação nativa. Isso se deve, principalmente, à criação do Parque Nacional (Parna) da Chapada dos Guimarães, uma das principais unidades de conservação de proteção integral do Cerrado matogrossense.
Essa é a conclusão do estudo "Aves da Chapada dos Guimarães, Mato Grosso, Brasil: uma síntese histórica do conhecimento", que acaba de ser publicado e vai servir para subsidiar o Plano de Manejo do parque. Ainda de acordo com o estudo, a Chapada dos Guimarães oferece uma oportunidade única de se realizar uma análise histórica da avifauna de uma região do Cerrado ainda em bom estado de conservação.
Os autores do estudo registraram 333 espécies de aves na Chapada dos Guimarães. Dados de literatura e espécimes de museu elevam para 393 o total de espécies já registradas. Deste total, 307 espécies (77,9%) foram documentadas através da coleta de espécimes testemunho. De uma maneira geral a avifauna da região é típica do Cerrado, abrigando 12 espécies endêmicas deste bioma.
As coletas foram realizadas conjuntamente com todas as equipes que participaram da Avaliação Ecológica Rápida (AER) do Parna da Chapada dos Guimarães. Os trabalhos de campo durante a AER ocorreram de 27 de setembro a 6 de outubro de 2005 e de 28 de março a 6 de abril de 2006. "O objetivo do levantamento da avifauna é subsidiar o Plano de Manejo do Parna da Chapada e revisar o histórico de exploração científica da avifauna", afirma a autora Tatiana Colombo Rubio.
De acordo com ela, foram realizadas duas coletas, para avaliar os períodos distintos: uma na seca e outra na cheia. "Com isso avistamos espécies migratórias, e em reprodução - momento em que algumas aves se tornam mais evidentes, pois cantam a procura de parceiros. Foi utilizado a captura com redes de neblina, transecto por pontos, transecto de varredura e coleta de espécimes testemunho", afirma.
Métodos - A Revisão do histórico de exploração científica descreve as diversas expedições de coleta e inventários avifaunísticos foram realizados na Chapada dos Guimarães desde o século 19. Grande parte desses resultados, ou não foram publicados, ou foram publicados em meios de divulgação restrita.
Trabalhos de campo - Todos os autores, com exceção de MFV, participaram da AER. Detalhes sobre os métodos utilizados durante os 20 dias da AER são apresentados a seguir: Captura com redes de neblina e Transecto por pontos: as capturas com redes foram realizadas em nove localidades distribuídas pelos seis sítios de amostragem contempladas pela AER: Riacho do Forte (pontos "i", "ii" e "iii"), Riacho Rio Claro (pontos "i", "ii" e "iii"), Cidade de Pedra, Cachoeira Véu-de-Noiva (pontos "i" e "ii"), Casa de Pedra (pontos "i", "ii" e "iii"), e Vale da Benção.
Resultado - Tal campanha resultou na coleta de cerca de 6.00 exemplares, dos quais cerca de 4.000 foram vendidos ao AMNH (Allen, 1891). O restante da coleção foi vendido ou permutado com diversos outros museus do mundo (Allen, 1891).
Os autores do estudo são Leonardo Esteves Lopes, João Batista de Pinho, Bianca Bernardon, Fabiano Ficagna de Oliveira, Giuliano Bernardon, Luciana Pinheiro Ferreira, Marcelo Ferreira de Vasconcelos, Marcos Maldonado-Coelho, Paula Fernanda Albonette de Nóbrega, Tatiana Colombo Rubio.
Para ter acesso à pesquisa completa, acesse o link: http://www.scielo.br/pdf/paz/v49n2/a01v49n2.pdf
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