MP e polícia se unem no combate ao crime ambiental no Recreio

O Globo, Rio, p. 23 - 19/07/2009
MP e polícia se unem no combate ao crime ambiental no Recreio
Alvos são grileiros e milicianos que estão desmatando para construir

Sérgio Ramalho

Um mapeamento inédito, realizado em conjunto pela 19aPromotoria de Investigação Penal (PIP) com a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), vai detalhar os danos ambientais provocados pela ação de grileiros e milicianos em áreas de Mata Atlântica no Recreio dos Bandeirantes e em Vargem Grande. O trabalho, iniciado em 9 de junho, servirá de base para o combate a crimes ambientais, parcelamento ilegal do solo e especulação imobiliária na região.

Com apoio de um helicóptero da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, as promotoras Christiane Monnerat e Márcia Velasco, e a delegada Juliana Emerique de Amorim, da DPMA, flagraram a ação desses grupos, que empregam retroescavadeiras, caminhões e seguranças armados para devastar áreas de mata, abrindo caminho para a construção de condomínios luxuosos no Recreio. O bairro é recordista em inquéritos por danos ao meio ambiente e parcelamento irregular do solo: são 48. A DPMA apura ainda outros 38 inquéritos relacionados à ação desses grupos em Vargem Grande, totalizando 86 casos.

Córregos desviados e lotes ilegais serão mapeados
Ao sobrevoar uma das áreas, no último dia 9, promotoras e delegada puderam observar, num trecho de Mata Atlântica, no Recreio, homens que usavam caminhões para aterrar e lotear um trecho de floresta. Eles tentaram esconder os veículos em meio às árvores após notarem a aproximação do helicóptero. Fotos aéreas mostram retroescavadeiras derrubando árvores perto de uma nascente.

Em outro trecho, retroescavadeiras atuavam na retirada de terra no entorno da Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Estadual da Pedra Branca. Segundo as promotoras, o mapeamento não servirá apenas para traçar uma política de combate à ação dos devastadores, mas para elaborar planos de recuperação dos trechos danificados.

A delegada Juliana de Amorim acrescenta que o mapeamento vai permitir também o dimensionamento do problema nos dois bairros mais afetados pela ação de grileiros que, atualmente, estão associados a grupos paramilitares. Entre os inquéritos relacionados, figuram casos de devastação de florestas e desvio de córregos e rios, além de venda ilegal de lotes.

O trabalho conjunto, no entanto, não vai se limitar ao combate a crimes ambientais.

As promotoras confirmaram denúncias de que milicianos impuseram o toque de recolher, a partir das 22h, aos moradores do Terreirão, no Recreio do Bandeirantes.

O Globo, 19/07/2009, Rio, p. 23
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