Sobrevôo revela que unidades de conservação em torno da BR-319 estão bem conservadas

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 03/02/2010
Analistas ambientais da Reserva Biológica do Abufari e do Parque Nacional Nascentes do Lago Jari, localizadas no município de Tapauá, e da Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande, no município de Manicoré, no Amazonas, realizaram nos dias 19 e 20 de dezembro sobrevôos de reconhecimento das três unidades de conservação, bem como de trechos da BR-319 que cruza a borda do parque e da reserva extrativista. O sobrevôo contou com o apoio da Coordenação Geral de Proteção (CGPRO) do ICMBio.

A aeronave (helicóptero) decolou em Manaus com direção à Tapauá, no sul do estado, já com dois analistas da reserva extrativista e um do parque. No trajeto de 500 km até Tapauá foi possível verificar o grau de conservação da floresta, pelo menos no nível da paisagem. "Durante as três horas de vôo, o que se viu foi apenas floresta e mais floresta. Eu esperava ao menos ver alguma ocupação indígena, mas nada, pura mata.", afirmou o analista da reserva extrativista Cleiton Signor.

A partir da cidade de Tapauá iniciou-se o sobrevôo das três unidades de conservação. Isso permitiu à equipe verificar o grau de conservação das unidades e o que se viu foi pura Amazônia, com algumas pequenas áreas desmatadas restritas à beira de pequenos rios próximos a cidade de Tapauá, algumas comunidades do lago do Capanã e ao longo da BR 319 - trecho que deve ter um monitoramento constante. "Foi possível perceber que as clareiras e queimadas caracterizam-se por pontos isolados destinados à abertura de roçados" diz Daniel Reis, analista da Resex.

Com quase 1,5 milhões de hectares, as três unidades fazem parte de um grande contínuo de áreas protegidas federais e estaduais no sudoeste da Amazônia, englobando reserva extrativista, parques nacionais e estaduais, reserva de desenvolvimento sustentável, reserva biológica e terras indígenas, permitindo a conectividade e a conservação de uma parte significativa desta região da Amazônia.

O parque e a reserva extrativista encontram-se inteiramente no interflúvio dos rios Purus e Madeira, no sudoeste do Estado do Amazonas, e a reserva biológica em maior parte no lado oeste do rio Purus. O interflúvio Madeira-Purus é uma das regiões mais preservadas e ricas em biodiversidade da Amazônia Brasileira, constituindo também uma importante área de endemismo.

Um dos exemplos disto é a descoberta recente, por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), de uma gralha (Cyanocorax sp.), que tem sua distribuição global restrita a poucos hectares de campo natural inserida no meio da floresta, e de um sagüi Saguinus ssp.

Variações de habitat também ocorrem dentro da própria mata, o que faz com que a região também possua microrregiões de endemismo, ou seja, áreas relativamente pequenas onde determinadas espécies existem ali de forma exclusiva, o que torna a área de extrema importância ecológica e de conservação.

A implementação das UCs nas margens da BR 319 é uma das condicionantes para o licenciamento ambiental da repavimentação dessa rodovia. Assim, essas unidades também têm como objetivo reprimir o desmatamento e a especulação imobiliária ao longo da BR, que liga Manaus à Porto Velho, cruzando a borda oeste da reserva extrativista e leste do parque nacional. A BR já teve grande fluxo de veículos até a década de 80, mas hoje o que se vê são principalmente áreas de regeneração da mata ao longo da mesma. Também foram verificados alguns passivos ambientais, como o barramento de pequenos rios e igarapés que tiveram seu fluxo natural impedido. Em alguns trechos o desmatamento se aproxima e até ultrapassa os limites do parque. Estão previstas outras expedições mais detalhadas de reconhecimento e fiscalização da BR, tanto por terra como por via aérea.

A Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande é uma unidade de uso sustentável com uma área de 304.146 hectares. O lago do Capanã é um lago de águas pretas com 70 km de extensão. Suas nascentes se encontram dentro da reserva e suas águas correm em direção ao rio Madeira.

Durante a época de cheia, boa parte de suas águas se tornam barrentas devido à entrada no lago das águas do rio madeira, rico em sedimentos, o que permite a entrada de nutrientes no lago. Ao longo do lago existem aproximadamente mil habitantes, tanto dentro da reserva como em terras indígenas e em projetos de assentamento extrativista do Incra.

O Parque Nacional Nascentes do Lago Jari é uma das unidades de conservação brasileiras mais recentes, sendo criado em 2009. Com 812.141 hectares de área, visa proteger a bacia do rio Jari, importante afluente da margem direita do rio Purus em seu curso médio, bem como sua biodiversidade e seus recursos naturais e pesqueiros associados, além de possuir grande potencial turístico.

A Reserva Biológica do Abufari, unidade de conservação integral que possui área aproximada de 288.000 hectares, situa-se no primeiro terço do rio Purus, o último grande afluente do Rio Solimões antes do encontro com o rio Negro, formando o Amazonas.

Trata-se de um típico rio de águas brancas e, portanto, carregadas de sedimentos e altamente piscoso. Possui uma planície alagável recortada por um complexo sistema de corpos de água formado por paranás, furos e lagos, a reserva fica sujeita a profundas alterações em função da variação anual do nível da água. Na reserva biológica encontra-se um dos maiores tabuleiros de desovas de tartarugas de água doce do mundo.
UC:Geral

Unidades de Conservação relacionadas

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