Vazamento de óleo atinge mangue protegido na Baía

O Globo, Rio, p. 14 - 25/03/2010
Vazamento de óleo atinge mangue protegido na Baía
Seis mil litros do produto se espalharam por 10 km de rio

Ludmila Curi e Tulio Brandão

Um vazamento de óleo vegetal naftalênico contaminou pelo menos 10 quilômetros do Rio Caceribu, entre Itaboraí e a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim, no fundo da Baía de Guanabara. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que cerca de seis mil litros do produto vazaram das obras da subestação de energia das Pedras Transmissora de Energia, às margens do Rio Duques, que é afluente do Caceribu. O óleo, considerado de baixa toxicidade pelo Inea, espalhou-se por uma extensão de cerca de dez quilômetros e, apesar das barreiras de contenção, atingiu a APA de Guapimirim, onde estão alguns dos últimos remanescentes de manguezal da Baía.

O Inea ainda não decidiu o valor da multa que será aplicada à empresa. Segundo o presidente do órgão, Luiz Firmino, o cálculo deve ficar pronto em cerca de uma semana:
- Vamos avaliar melhor os danos ao mangue para chegar a um valor. O óleo atingiu uma unidade de conservação, o que é um agravante, mas o fato de a empresa ter informado o Inea imediatamente após o acidente serve como atenuante - explicou Firmino.

Óleo, muito fino, não para nas barreiras
Os responsáveis pela empresa Pedras Transmissora não foram encontrados ontem. A subestação fornecerá energia para a concessionária Ampla. O vazamento teria ocorrido na madrugada de segunda-feira.

Até ontem, o óleo tinha avançado por apenas meio quilômetro de manguezal da APA de Guapimirim no Rio Caceribu. No entanto, pelo fato de o produto ser muito refinado, não estava parando nas barreiras de contenção instaladas no rio. O chefe da APA, Breno Herrera, alertou para os riscos de dano ambiental:
- Pode haver, sim, impacto sensível nos mangues, com a queima dos tecidos vegetais às margens do Caceribu e a intoxicação da fauna da unidade, especialmente os caranguejos e peixes - disse Herrera.

Ele soube do vazamento no patrulhamento de rotina da unidade. A APA não foi avisada sobre o acidente.

Firmino afirmou que o Inea está estudando uma maneira de retirar o óleo da água, já que ele não para nas barreiras e tampouco evapora.

O biólogo Mário Moscatelli, que ontem sobrevoou o local do acidente, lamentou:
- Infelizmente, vejo aqueles rios perdendo vida e o comprometimento da última grande área de manguezal do estado.

O Globo, 25/03/2010, Rio, p. 14
UC:APA

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