Unidades de conservação do Pará podem gerar R$ 4,4 bi em 20 anos

Valor Econômico - www.valoronline.com.br - 12/08/2010
O Pará deverá licitar até o fim deste ano três lotes de florestas públicas estaduais à iniciativa privada. Serão 850 mil hectares de mata nativa para a exploração econômica sustentável - e com potencial retorno financeiro não só para a empresa concessionária, mas para os municípios e o próprio Estado.

Um estudo realizado pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), de Belém, aponta que as unidades de conservação de Paru, Trombetas e Faro, localizadas na chamada Calha Norte do rio Amazonas, poderão gerar uma receita de R$ 4,4 bilhões e criar 8,9 mil empregos diretos e indiretos entre 2011 e 2030.

Os números vão contra uma concepção antiga - mas ainda corrente - de que as florestas protegidas por lei "congelam" a área e atrasam o desenvolvimento local. "Quisemos mostrar que a floresta em pé também pode gerar renda, que a legalidade também dá dinheiro", afirma Adalberto Veríssimo, pesquisador-sênior do Imazon. Atualmente, essas áreas florestais geram pouca renda e emprego.

O estudo avalia as cadeias produtivas da madeira e de castanhas. Considera também que as atividades econômicas sejam legais, com informalidade zero no mercado de trabalho, exploração manejada e beneficiamento local da madeira.

Para Rodrigo Bandeira, consultor do Imazon que coordenou o estudo, o manejo representaria 95% da receita e dos empregos possíveis de gerar com madeira. Isso porque os lotes apresentam um bom mix de madeira - de alto valor (10% do volume total), de médio (60%) e de baixo valor (30%).

Segundo o estudo, a produção agregada até 2030 seria de 3,6 milhões de metros cúbicos de madeira serrada - 184 mil metros cúbicos por ano. Em 2010, o metro cúbico variou de R$ 1.504 pela madeira nobre a R$ 711 pela de baixo valor. Tomando-se como base esses valores, seria gerada uma receita total de R$ 4,2 bilhões em 20 anos, sendo R$ 880 milhões para o setor público via impostos. "Mas o preço nominal da madeira aumentou anualmente 14% entre 2004 e 2009", lembra Veríssimo.

A produção agregada de castanhas entre 2011 e 2030, por sua vez, seria de 45 mil toneladas nos três lotes de mata. Isso representaria uma receita no período de R$ 181 milhões, sendo R$ 7,3 milhões em impostos, e 328 empregos.

Veríssimo explica que a taxa interna de retorno para a madeira extraída de forma legal é de 70%. A da madeira ilegal é praticamente o dobro. "Mas está cada vez mais difícil operar na ilegalidade", diz.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), o pré-edital para a concessão de Paru deverá ser lançado em setembro. Se tudo ocorrer como o esperado, o edital será lançado até novembro. "Queremos levar o manejo florestal para o Estado", diz Carlos Augusto Pantoja Ramos, diretor de desenvolvimento de cadeias florestais do Ideflor.

Primeiro dos três lotes a serem licitados, a Floresta Nacional de Paru é a maior unidade de conservação de uso sustentável do mundo. De sua área total de 3,6 milhões de hectares, cerca de 600 mil serão transferidos ao setor privado. Em 2013, o governo estadual pretende licitar Trombetas e Faro, mais 250 mil hectares. "A única saída para o setor madeireiro na Amazônia é a concessão florestal em unidades de conservação", diz Veríssimo.

De toda a madeira explorada hoje na Amazônia, 21% vão para o mercado externo e 79% ficam no mercado doméstico. O Estado de São Paulo consome, sozinho, 17%.

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=363507
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