Rodoanel: união contra traçado do Trecho Norte

OESP, Metrópole, p. C4 - 07/02/2011
Rodoanel: união contra traçado do Trecho Norte
Moradores da zona norte de SP e prefeituras de Guarulhos e Arujá se queixam de esapropriações, isolamento e destruição de mata

Tiago Dantas

Moradores de bairros da zona norte da capital e as prefeituras de Guarulhos e Arujá, na Grande São Paulo, uniram forças para pedir alterações no traçado do Trecho Norte do Rodoanel, em fase de licenciamento ambiental. Segundo eles, a obra vai destruir a Mata Atlântica, desapropriar imóveis de forma desnecessária e isolar algumas regiões.
Se o projeto atual for mantido, cerca de 1,2 mil famílias de Guarulhos terão de sair de suas casas e pelo menos 4 mil residências serão isoladas do resto da cidade pelo anel viário, alega a prefeitura da cidade. Um desses bairros é a Chácara Cabuçu, que começou a ser ocupado há 20 anos e nos últimos cinco anos recebeu escola e posto de saúde.
A pedagoga Rita de Cássia Aires, de 46 anos, diz que a população do Cabuçu está fora da discussão. "O processo está sendo feito sem clareza. Seremos os mais afetados, mas estamos jogados", afirma. A opinião é compartilhada pela bióloga Daniele Marques, de 25. "Deixaram o relatório de impacto ambiental no site, mas não temos internet banda larga para baixar o documento."
A prefeitura de Guarulhos reclama que o traçado do Rodoanel passa sobre um reservatório de água no bairro Bananal e por uma estação de tratamento de esgoto no Cabuçu. A Dersa não esclareceu, segundo a prefeitura, se construirá novas unidades para substituí-los. Hoje, o município trata 35% do seu esgoto - o restante é despejado em córregos e no Rio Tietê.
Em 19 de janeiro, a prefeitura de Guarulhos entregou à Dersa um projeto para aproximar o traçado da Serra da Cantareira, evitando cortar bairros. "Teriam de fazer mais túneis. Guarulhos tem apenas dois quilômetros de túneis", diz o prefeito Sebastião Almeida (PT). Ele propõe ainda a criação de outra ligação da estrada com a cidade, além da alça de acesso ao terminal de cargas do Aeroporto de Guarulhos, já prevista no projeto.
Arujá. O secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Arujá, João Vani, fez 22 solicitações à Dersa em dezembro. A principal, segundo ele, é a construção de unidades habitacionais para famílias que vivem em áreas de risco. A prefeitura não informou quantas pessoas serão atingidas.
No Jardim Corisco, zona norte de São Paulo, a preocupação é com o que sobrou da Mata Atlântica. "Não há uma estrutura capaz de substituir o que for tirado do Parque Estadual da Cantareira, responsável por nascentes e por ajudar a manter o equilíbrio ecológico", argumenta o vendedor Robson Sabino, de 32 anos.
Para o arquiteto Kazuo Nakano, do Instituto Pólis, as prefeituras e a população devem aproveitar enquanto o projeto está na fase das audiências públicas. "Uma ligação ao Rodoanel deixa o local valorizado. Há uma dinâmica econômica para tirar proveito", explica. Segundo o urbanista, as próprias prefeituras podem aproveitar a construção do Rodoanel para construir vias marginais e urbanizar bairros.


Dersa diz que obra ainda está na fase de discussão

Tiago Dantas

Questionada sobre os pedidos de alteração do traçado do Trecho Norte do Rodoanel, a Dersa informou que o processo está na fase de discussão do licenciamento ambiental, de competência do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). O Consema disse que as reivindicações serão analisadas, assim como as 67 manifestações de moradores feitas na última audiência pública, no dia 19.
A Dersa promete plantar 500 hectares de mata para compensar os 80 hectares que serão derrubados. Com relação às desapropriações, informou que as famílias terão duas opções: mudar para apartamentos da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) ou retirar cartas de crédito.

OESP, 07/02/2011, Metrópole, p. C4

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110207/not_imp676050,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110207/not_imp676051,0.php
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