O Globo, Rio, p. 22 - 18/02/2011
Deflagrada operação contra 'bois piratas' no Parque da Pedra Branca
Animais, incluindo cavalos e porcos, comem mudas e pisoteiam a mata nativa
Vinícius Soares
A Secretaria estadual do Ambiente iniciou ontem em Realengo, na Zona Oeste, uma operação para livrar os 12.500 hectares do Parque estadual da Pedra Branca de um inimigo ruminante: os "bois piratas". A expressão, explica o secretário Carlos Minc, designa animais que comem mudas e pisoteiam a mata nativa na área de preservação ambiental. Ao todo, 90 cavalos, bois e porcos devem ser retirados até hoje do parque, a maior reserva florestal urbana do mundo. Destes, 63 já foram removidos. Entre os prejuízos causados pela criação ilegal está a destruição de grande parte das 500 mil mudas plantadas na região pela prefeitura em cinco anos.
A iniciativa contou com a participação de 60 homens dos batalhões Florestal e Rodoviário da Polícia Militar, fiscais da secretaria e do Instituto estadual do Ambiente (Inea) e guardas do próprio parque, que corta 27 bairros.
A secretaria propôs aos criadores, notificados entre setembro e outubro passado, a venda dos animais que pastavam na reserva. Em troca, o governo ofereceu o transporte gratuito para dois currais, em Itaguaí e Itaboraí, e um emprego no mutirão de reflorestamento do Parque da Pedra Branca, com a remuneração de um salário-mínimo. Quem não aceitou a proposta teve seus animais apreendidos e poderá receber multa de R$ 200 a R$ 50 mil, de acordo com os danos causados.
- O mais interessante dessa ação é que estamos invertendo as posições. Quem antes agredia o parque agora trabalhará em prol dele - destacou Minc, que lembrou em tom de brincadeira o período de um ano e dez meses em que foi ministro do Meio Ambiente do ex-presidente Lula e participou diretamente de ações que apreenderam 15 mil bois piratas na Amazônia. - Naquela época, as fazendas eram muito maiores, com até mais de três mil cabeças. Com isso, o Ministério do Meio Ambiente se tornou o maior doador do Fome Zero. Estava até com crise de abstinência.
As moradias irregulares do parque não foram alvo da operação de ontem.
Para as apreensões, a equipe utilizou um helicóptero, cavalos, motocicletas de trilha e armas com munição de paintball. As balas de tinta serviram para identificar os bois que pastavam na mata. Após receberem os tiros coloridos, os animais eram levados morro abaixo, para que seus donos fossem identificados. Policiais e fiscais esperavam em currais próximos ao parque, para fazer o flagrante. Três caminhões fizeram duas viagens cada um para transportar todos os bois piratas. Chiqueiros que poluíam as nascentes dos rios foram demolidos.
O Globo, 18/02/2011, Rio, p. 22
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