Arqueóloga busca proteger parque da Serra da Capivara e combater miséria no sudeste do Piauí

Radiobrás-Brasília-DF - 03/07/2005
A arqueóloga Niède Guidon atualmente dirige a Fundação Museu do Homem Americano, uma organização não-governamental (ONG) conveniada com instituições do país e do exterior, responsável pela proteção do Parque Nacional Serra da Capivara. Ela é, na verdade, a principal responsável pela criação do parque, o único parque americano incluído na lista da Unesco como patrimônio histórico mundial.

De acordo com Niède, o grupo iniciou seu trabalho no sudeste do Piauí para mudar a região, combatendo a miséria e a carência de escolas. A fundação realiza os estudos arqueológicos da região, investe nas áreas de educação e saúde, além de pretender fomentar o turismo local, com atividades pedagógicas e respeito ao patrimônio.

Segundo a arqueóloga, uma das dificuldades do grupo é conseguir investimentos. "Não existe apoio firme e institucional da parte do governo porque as verbas, às vezes, chegam, às vezes não, são cortadas, e então tudo fica difícil", afirma. "O Nordeste é uma região aonde todos os governos, invariavelmente, apelam para esses projetos que são assistencialistas, em vez de criarem trabalho."

Niède diz ainda que, caso a região tivesse aeroporto e orçamento fixo, ninguém precisaria estar constantemente entrando em filas para receber benefícios ou qualquer tipo de ajuda.

A arqueóloga, em 1991, ganhou notabilidade pela descoberta, em São Raimundo Nonato (PI), de artefatos de pedra lascada que comprovariam a presença de culturas pré-colombianas no Brasil há 25 mil anos. O Parque Nacional da Serra da Capivara possui a maior concentração de pinturas rupestres das Américas, com mais de 30 mil desenhos em 417 sítios arqueológicos catalogados - dos quais apenas 11 foram efetivamente explorados.

Ela é uma das 52 mulheres brasileiras indicadas no projeto 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz. Foram escolhidas mulheres de 153 países e o Brasil teve o terceiro maior número de indicações, atrás apenas da Índia, que concorrerá com 91 mulheres, e da China, com 81.

Niède Guidon nasceu em 1933, em Jaú, interior de São Paulo. Graduou-se em História e, em 1998, aposentou-se como mestre de conferências da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris.
(Melina Fernandes-Radiobrás-Brasília-DF-03/07/05)
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