Cartografia a serviço da saúde

OESP, Vida, p.A23 - 01/11/2004
Cartografia a serviço da saúde
A Fiocruz usa mapas para isolar focos da doença de Chagas
Carolina Iskandarian
RIO - Um projeto pioneiro está usando mapas para cruzar informações sobre meio ambiente e a relação dele com a incidência da doença de Chagas. A técnica é desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, que estuda os focos da moléstia no Parque Nacional da Serra da Capivara e em quatro municípios do Piauí, considerados regiões endêmicas. Por meio dos mapas que mostram relevos, vegetações e hidrografia, os pesquisadores conseguem localizar os focos de maior contágio e saber como vive o parasita que transmite a doença.
O projeto é um convênio da Fiocruz, do Instituto Militar de Engenharia (IME) e do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (da França). A primeira fase estuda apenas o mal de Chagas, transmitido pelo Tripanossoma cruzi, que ainda não tem cura. Mas a Fiocruz pretende ampliar o uso da cartografia no mapeamento de outras enfermidades, como leishmaniose e mal de cadeiras, que ataca a coordenação motora de bovinos e eqüinos.
Foram escolhidos para o estudo os municípios de João Costa, com 3 mil habitantes, Coronel José Dias, com 4,4 mil, São Raimundo Nonato, que tem 26,9 mil habitantes, e São João do Piauí, cuja população é de 17,6 mil. As cidades ficam no entorno do parque da Capivara.
Desde 1998, os pesquisadores fazem um levantamento da fauna e da infecção nesses municípios. Em João Costa, 13% da população tem o parasita, mas não apresenta a doença. Em Coronel José Dias, são 5%. Os dados das outras cidades ainda estão sendo analisados.
O trabalho com os mapas começou em 2001. Por meio deles foi possível identificar a localização dos ratos silvestres do parque, que servem como reservatório para a doença de Chagas, e das duas espécies de barbeiro existentes. O inseto é o vetor da moléstia e naquela região foram encontrados cerca de 4 mil deles.
"Coletamos dados sobre clima, vegetação e hidrografia e descobrimos que as duas espécies do barbeiro se separam por uma chapada, que serve de barreira ecológica. Vimos que a maioria dos vetores fica numa parte da reserva com relevo mais baixo", explica a bióloga Samanta Cristina Xavier, coordenadora do trabalho. O grupo concluiu ainda que os gambás da região são mais contaminados do que os roedores porque se adaptam melhor ao ambiente doméstico.

OESP, 01/11/2004, p. A23
UC:Parque

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