Com multa pendente, Eike doa R$ 11 milhões a área protegida

FSP, Ciência, p. A14 - 15/10/2008
Com multa pendente, Eike doa R$ 11 milhões a área protegida

Marta Salomon
Da sucursal de Brasília

Multado em R$ 29,4 milhões pelo uso de carvão vegetal de origem supostamente irregular para abastecer os alto-fornos de uma siderúrgica instalada em Corumbá (MS), o empresário Eike Batista doou ontem R$ 11,4 milhões -39% do valor das multas- para três parques nacionais. Questionado por jornalistas se a doação tinha por objetivo mudar a imagem de "vilã ambiental" da empresa, Eike ameaçou até fechar uma siderúrgica da mineradora MMX no Pantanal.
"Na nossa companhia [o grupo EBX], essa operação [a siderúrgica] é tão pequena e está nos causando tanto problemas que estamos pensando até em fechar", disse. Segundo Batista, a empresa recorre do pagamento das multas aplicadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). "Se nós cometemos um erro ambiental em nossas operações, vamos pagar a conta", disse.
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) celebrou a doação feita pelo empresário, exaltou o exemplo de Batista, mas afirmou em que ele não receberá nenhuma vantagem em troca, como facilidade na concessão de licenças ambientais ou mesmo a anistia das multas aplicadas. "Não haverá perdão", disse o ministro. "Uma doação como essa não resolve pendências, não resolve multas, não facilita licenciamento."
O dinheiro de Batista será usado na conservação do Pantanal matogrossense, região em que está instalada a siderúrgica, e ajudará a equipar e manter dois paraísos turísticos: a ilha de Fernando de Noronha e os Lençóis Maranhenses. "Vai ser fácil chegar lá na minha lancha", disse o empresário sobre a ilha. "Já sobrevoei lá", acrescentou sobre os Lençóis, antes de atestar sobre o destino de seus investimentos: "São duas jóias, maravilhas do mundo".
A forma de aplicação do dinheiro doado será auditada pelo grupo EBX, que não terá, no entanto, nenhuma ingerência sobre a gestão dos parques nacionais. A mineradora MMX, que integra o grupo empresarial, tem um saldo de cinco multas não-pagas no Ibama. Todas elas se referem ao uso de carvão vegetal de origem irregular, proveniente do Pantanal.
A siderúrgica foi instalada em Corumbá depois que Batista foi expulso da Bolívia, acusado tentar implantar empreendimento nocivo ao ambiente. O terreno foi doado pelo governo do Estado. Batista também é alvo de investigação em curso na Polícia Federal. "Estou tranqüilo, acho que houve um erro grave no meu caso", disse sobre a operação Toque de Midas, que desvendou esquema de fraude em licitações no Amapá.

FSP, 15/10/2008, Ciência, p. A14
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