Estudo traça perfil socioeconômico de comunidades do Parque Grande Sertão Veredas

ICMBio - www.icmbio.gov.br - 09/09/2009
Durante mais de três meses, o engenheiro agrônomo Rafael Aquino Nogueira, da Universidade Federal de Lavras (MG), conviveu com as comunidades Cajueiro e Grotão, que habitam há anos o lado baiano do Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Ele acaba de concluir o estudo socioeconômico que será fundamental para se definir a realocação dessas comunidades. Pela lei, elas não podem permanecer no interior do parque, que é uma unidade de conservação de proteção integral.

Segundo ele, as 11 famílias que moram nessa região levam uma vida bem simples, não possuem recursos nem motivos para desmatar, destruir e devastar a natureza. Desenvolvem atividades de subsistência, criam bois, galinhas, porcos, cultivam milho, arroz, feijão e mandioca. Mesmo assim, defende Nogueira, pela lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), elas têm que sair. "Não dá para morar dentro de uma unidade que é de domínio público e que prevê apenas o uso indireto de seus recursos naturais"

No entanto, Nogueira defende, com base em sua pesquisa, que essas famílias sejam reassentadas em áreas no entorno do parque, "porque as características dessa região são mais semelhantes às do local em que elas moram no momento." Com esse levantamento socioeconômico, as informações sobre as comunidades estão mais detalhadas, o que facilita o processo de desapropriação.

A PESQUISA - O levantamento de dados da pesquisa socioeconômica das comunidades Cajueiro e Grotão foi feito de março a junho deste ano. O engenheiro agrônomo estava preparando o trabalho de conclusão de curso na Universidade Federal de Lavras (UFLA) e soube que não havia informações mais detalhadas sobre essas comunidades. Ao se mostrar interessado pelo tema, foi convidado a realizar o trabalho pela chefe do Parque Grande Sertão Veredas, Paula Leão Ferreira.

Inicialmente, conta Nogueira, foram feitas reuniões com as famílias das quais também participaram técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da ONG Funatura. "Depois fizemos o reconhecimento da área e passamos a ter conversas informais com pessoas-chave de cada comunidade. Queríamos ganhar a confiança das pessoas," narra. Por fim, em maio, durante dez dias, foram feitas as últimas entrevistas. Em junho foram compiladas e analisadas as informações.

Rafael Nogueira disse que a melhor experiência nesse estudo foi a oportunidade de conviver por alguns dias com as pessoas da região. "É uma outra forma de vida, é um lugar onde não há energia elétrica, a água vem das veredas, onde o tempo é totalmente diferente. As pessoas conversam, contam causos. Cada casa visitada era um café, uma prosa. A cultura simples daquele povo foi o que mais me chamou a atenção", disse o pesquisador.
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