Rio ainda tem 30% de remanescentes da Mata Atlântica

O Globo, Sociedade, p. 25 - 14/05/2015
Rio ainda tem 30% de remanescentes da Mata Atlântica
Mapa de precisão inédita identificou novos fragmentos da floresta no estado

Renato Grandelle

RIO - Apesar de todos os pesares, o Rio de Janeiro é mais verde do que se imaginava. Um novo mapeamento da ONG SOS Mata Atlântica mostrou, com precisão inédita, a situação do bioma no estado. Com a lupa calibrada, os ambientalistas concluíram que ele conta com 30,7% - ou 1,3 milhão de hectares - de remanescentes florestais, um índice 50% maior do que o constatado em levantamentos anteriores.
Até agora, o monitoramento do bioma só detectava áreas preservadas maiores que três hectares. Com as imagens geradas por um sensor a bordo do satélite Landsat 8, o fragmento mínimo possível de identificação foi reduzido para apenas um hectare.
Esta é a primeira vez que o método é realizado. Os cientistas esperam, em breve, levá-lo para os outros 16 estados com a presença do bioma.
- O novo retrato da vegetação do Rio foi uma surpresa positiva. - revela Márcia Hirota, diretora da SOS Mata Atlântica. - É um reflexo de uma série de políticas públicas que praticamente dobrou o número de unidades de conservação nos últimos anos.
Cerca de 40% do território fluminense está dentro de unidades de conservação. Segundo Márcia, o novo levantamento permitirá que o estado estabeleça uma agenda de prioridades para a área ambiental - por exemplo, onde a ação mais urgente é a revitalização de mananciais de rios, as regiões em que a situação das matas ciliares é problemática, os locais em que a preservação da biodiversidade está comprometida.
- Não falamos apenas na proteção do meio ambiente. O mapeamento contribui para o desenvolvimento econômico e a segurança da população - assegura Márcia. - A montagem de parques atrai turistas, incentiva o setor hoteleiro e atrai outros serviços. E seu uso nos planos diretores permite que os municípios coordenem o manejo de comunidades, protegendo-as de desastres naturais.
ESTADO É 'LABORATÓRIO'
Pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Flávio Ponzoni destaca que a precisão do sensor permitirá o acompanhamento dos diversos estágios de regeneração da floresta:
- O Rio é um bom laboratório para este experimento pioneiro, porque, apesar de ser um estado pequeno, reúne diversos ecossistemas, e cada um tem seu próprio padrão de conservação e desmatamento de áreas verdes - revela. - Vimos o efeito da ocupação urbana em áreas de baixada, a topografia da Região Serrana, como pode ocorrer a revitalização de áreas litorâneas.
Um dos principais destaques do mapeamento é o Parque Nacional da Tijuca, que ainda contém 96,8% de remanescentes florestais. Entre as unidades administradas por municípios, o Parque Natural Montanhas de Teresópolis é o que conta com maior proporção de remanescentes da Mata Atlântica - eles correspondem a 85,2% da área total.
Há, no entanto, pontos problemáticos. Os impasses fundiários ameaçam a integridade do Parque Nacional de Itatiaia, e a exploração da cana devastou uma área expressiva do Norte do estado.
O mapa permite também a localização detalhada das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, que concentram uma porção significativa dos fragmentos do bioma. Os pesquisadores querem avaliar a possibilidade de ligação entre esses pontos - com os corredores verdes -, que permitiriam, entre outras vantagens, um deslocamento seguro de animais.

O Globo, 14/05/2015, Sociedade, p. 25

http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/rio-ainda-tem-30-de-remanescentes-da-mata-atlantica-16151452
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